A constelação de satélites, colocada na órbita baixa da Terra pela Starlink, provedora de Internet da SpaceX, pode estar vazando ondas de rádio de baixa frequência, o que pode ser fatal para a radioastronomia.
De acordo com um novo estudo, publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics, ainda que de forma não intencional, essa radiação eletromagnética está causando interrupções no trabalho científico.
O impacto da poluição da luz visível foi parcialmente contornado pela empresa de Elon Musk, que projetou novos satélites mais escuros. No entanto, um outro tipo de observação, o da radioastronomia, que estuda as emissões de rádio provenientes de objetos celestes no universo, pode estar sob ameaça.
Embora as bandas de radiofrequências designadas no espaço para downlink de comunicação — atualmente entre 10,7 e 12,7 giga-hertz na Europa — não interfiram na capacidade de os cientistas estudarem o cosmos, os pesquisadores do conjunto de telescópios Low Frequency ARray (LOFAR) investigaram as emissões não intencionais dos satélites.
Comprovação
Para comprovar sua hipótese, os pesquisadores utilizaram a rede LOFAR para observar 68 satélites da constelação Starlink. A Low Frequency ARray, algo como “Matriz de Baixa Frequência” em português, é uma rede constituída por cerca de 20 mil antenas de rádio, distribuídas em 52 localidades. O vazamento eletromagnético foi detectado.
“Com o LOFAR, detectamos radiação entre 110 e 188 MHz de 47 dos 68 satélites observados”, afirmou em comunicado o astrônomo Cees Bassa, do Instituto Holandês de Radioastronomia (ASTRON).
Riscos de um vazamento massivo
O lixo espacial tem sido uma ameaça crescente no espaço. Getty Images
A emissão proveniente da eletrônica dos satélites da Starlink não está oficialmente quebrando nenhuma regra, uma vez que as restrições da Comissão Eletrônica Internacional à interferência eletromagnética limitam-se a dispositivos terrestres.
De olho na constelação de mais 4 mil satélites de Elon Musk, além de mais 12 mil a serem implantados em breve, o primeiro autor do artigo, Federico Di Vruno, afirmou à ABC News que, embora as probabilidades de interferência dos satélites em telescópio sejam pequenas, o risco aumenta à medida que mais e mais objetos do tipo são colocados em órbita.
Isso sem contar o risco de colisões de satélites entre si ou com observatórios espaciais, além do crescimento do lixo espacial.
Fonte: Tecmundo
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