As mortes confirmadas causadas pelas inundações dos últimos dias na Líbia, no norte da África, chegam a 6.238 somente na cidade de Derna, no leste do país. Já os desaparecidos são ao menos 9.1 mil, segundo balanço provisório das autoridades locais, divulgado na quarta-feira (13). O total de vítimas triplicou em apenas um dia.
A tempestade ‘Daniel’, já classificada como ciclone e até como furacão, causou o rompimento de uma barragem de duas usinas. Mais de 33 milhões de litros de água arrastaram áreas residenciais, derrubaram pontes e destruíram estradas.
Com 120 mil habitantes e cercada por montanhas, Derna está inacessível por terra, sem eletricidade e serviços de telecomunicação desde domingo (10). Corpos ainda não identificados se aglomeram no meio das ruas.
A falta de recursos forçou as equipes de resgate a retirar centenas de vítimas dos escombros com utensílios domésticos e enterrá-las em valas comuns. Equipes internacionais da Cruz Vermelha e da Organização Mundial da Saúde (OMS) começaram a chegar à região para auxiliar nas operações de resgate e recuperação.
As chuvas e fortes ventos também provocaram estragos em Benghazi, Al Bayda, Al Marj e Soussa.
Grande parte de Derna agora é apenas escombros e corpos
Tudo o que resta de grande parte de Derna são os escombros dos edifícios desabados e os corpos das pessoas mortas nas inundações, disse um fotógrafo baseado na cidade oriental.
Muftah diz que tem a sorte de viver na zona oriental de Derna, que fica numa colina e foi poupada das piores cheias. “A água agora parou e o que resta são apenas os escombros e as pessoas que foram levadas pela enchente para baixo da água”.
O fotojornalista afirma que os socorristas chegaram e estão “dando o seu melhor e dando todos os seus esforços”, mas faltam o equipamento e a experiência necessários para lidar com a dimensão do desastre.
Especialistas alertaram que as barragens corriam risco de colapso desde 2011, mas “ninguém fez nada a respeito”, acrescenta.
Danos parecem terremotos
O Crescente Vermelho Turco comparou Derna “a um terremoto”. O vice-diretor Ibrahim Ozer disse que os danos pareciam ter sido causados por um terremoto. “Já estive em muitos desastres, incluindo inundações, incêndios florestais e terremotos, mas este é bem diferente”, disse ele. “A tempestade atingiu a cidade com bastante força.”
A equipe, que passou mais de seis horas viajando desde a cidade líbia de Benghazi, chegou recentemente a Derna, onde duas barragens romperam devido às fortes chuvas que submergiram áreas inteiras.
Doença é a próxima ameaça séria
Houve pedidos de ajuda, água e – mais claramente – sacos para cadáveres. Há temores de que cerca de 20 mil pessoas possam ter perdido a vida.
As equipes de resgate já começaram a chegar a Derna, mas nenhum deles tem dúvidas de que o número de pessoas que morreram irá aumentar.
Com tantos corpos debaixo de edifícios ou deixados na água, as doenças são a próxima ameaça séria.
Se há alguma esperança, é que os governos rivais deste país dividido parecem ter deixado de lado as suas diferenças, por enquanto, para coordenar os esforços de ajuda.
Fontes: Agências internacionais
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