Recifes que há apenas dois anos eram vibrantes, cheios de peixes coloridos e algas marinhas foram transformados em um deserto de corais esmagados no Mar do Sul da China e as Filipinas dizem ter identificado um culpado – a sombria milícia marítima chinesa.
Vídeos divulgados na segunda-feira (18) pela Guarda Costeira das Filipinas mostraram uma vasta mancha de corais branqueados ao longo do recife Rozul (Iroquios) e do banco de areia Sabina (Escoda) no Mar do Sul da China, que são características subaquáticas dentro da zona econômica exclusiva (ZEE) internacionalmente reconhecida do país.
As Filipinas acusaram neste domingo a guarda costeira da China de instalar uma “barreira flutuante” em uma área disputada do Mar do Sul da China, dizendo que isso impedia os filipinos de entrar e pescar na área.
A guarda costeira de Manila e o Departamento de Pesca e Recursos Aquáticos “condenam veementemente” a instalação da barreira pela China em parte de Scarborough Shoal, postou o comodoro Jay Tarriela, porta-voz da guarda costeira, na plataforma de mídia social X, antigo Twitter.
Ambos os recifes estão perto de Palawan, a cadeia de ilhas do sudoeste das Filipinas, em frente ao Mar do Sul da China, mas Pequim reivindica a maior parte da grande e estratégica via navegável como seu próprio território, apesar das reivindicações concorrentes dos vizinhos e em desafio a uma decisão internacional.
“A contínua aglomeração das atividades de pesca indiscriminadas, ilegais e destrutivas da Milícia Marítima Chinesa no Recife Rozul e banco de areia Escoda pode ter causado diretamente a degradação e destruição do ambiente marinho nas características [do Mar das Filipinas Ocidental]”, disse Tarriela em nota, referindo-se ao nome dado por Manila para partes do Mar do Sul da China sob sua jurisdição.
Tarriela disse que entre 9 de agosto e 11 de setembro, a guarda costeira monitorou 33 navios chineses nas proximidades do recife Rozul e cerca de 15 navios chineses perto do banco de areia Escoda.
“A presença de corais esmagados sugere fortemente um potencial ato de despejo, possivelmente envolvendo os mesmos corais mortos que foram previamente processados e limpos antes de serem devolvidos ao fundo do mar”, acrescentou Tarriela.
Os militares filipinos também acusaram no sábado passado a milícia marítima da China de destruição massiva na área.
Versão chinesa
As autoridades chinesas não comentaram publicamente as acusações até quinta-feira (21), quando o Ministério dos Negócios Estrangeiros foi questionado em uma reunião regular com a imprensa sobre a destruição dos corais.
“As alegações relevantes do lado filipino são falsas e infundadas”, disse a porta-voz Mao Ning aos repórteres. “Aconselhamos as autoridades filipinas a não utilizarem informações fabricadas para encenar uma farsa política”.
Pequim reivindica “soberania indiscutível” sobre quase todos os 1,3 milhões de milhas quadradas do Mar do Sul da China, bem como sobre a maioria das ilhas e bancos de areia dentro dele, incluindo muitas características que estão a centenas de quilômetros de distância do continente da China. Isso inclui Spratlys, um arquipélago composto por 100 pequenas ilhas e recifes também reivindicados total ou parcialmente pelas Filipinas, Malásia, Brunei e Taiwan.
Em 2016, um tribunal internacional em Haia decidiu a favor das Filipinas em uma disputa marítima histórica, que concluiu que a China não tem base jurídica para reivindicar direitos históricos sobre a maior parte do Mar do Sul da China. Mas Pequim ignorou a decisão e continua a expandir a sua presença na hidrovia.
Alerta
As recentes imagens da guarda costeira filipina de corais quebrados e branqueados contrastam fortemente com aquelas de apenas dois anos atrás.
O Instituto de Ciências Marinhas da Universidade das Filipinas disse que pesquisou uma parte do recife Rozul (Iroquios) em 2021, por meio de uma expedição financiada pelo Conselho de Segurança Nacional do país, a bordo do M/Y Panata.
Vídeos e fotos tiradas pelo instituto em 2021 mostraram o recife Rozul (Iroquios) salpicado de corais vermelhos e roxos com algas aquáticas e musgo revestindo o recife.
“Naquela altura, descobrimos que a área pesquisada tinha um ecossistema de recife, com corais, animais bentônicos, peixes, algas marinhas e outros organismos marinhos”, afirmou, mas não comentou o estado atual do recife, porque as últimas informações do exército e da guarda costeira filipinas estavam “fora do alcance” do instituto.
“Dito isto, estamos abertos a trabalhar com outras agências para validar e analisar os impactos das atividades recentes na área. Situações como esta enfatizam a necessidade de monitoramento contínuo e apoio a mais atividades de pesquisa científica marinha por parte de cientistas filipinos, especialmente no Mar das Filipinas Ocidental”, acrescentou.
Fonte: CNN/Reuters
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