Pelo sétimo ano seguido, os portugueses viram o número de imigrantes aumentar no país e os brasileiros tiveram uma grande participação nesse aumento. No entanto, o alto custo de vida e os baixos salários estão levando pessoas a viverem em barracas, porque não conseguem pagar um lugar para morar.
Márcia Leandro se mudou do Brasil para Portugal há seis meses com o objetivo de se graduar como chef de cozinha., mas a crise imobiliária de Portugal a forçou a viver em uma barraca. Márcia, 43 anos, e Andreia Costa, sua vizinha em um acampamento improvisado em um terreno baldio nos arredores de Lisboa, marcharam ao lado de milhares de portugueses, neste sábado (30), em um protesto contra o aumento dos aluguéis e dos preços das casas.
“O salário mínimo aqui é 760 euros, se eu não me engano. Aí eu pagava 400 euros no quarto. Então, imagina você receber 760 euros e pagar 400 euros?”. Mas a gente se vira. Eu tomo banho na praia quando está sol ou tomo banho nas minhas clientes que eu faço as limpezas”, conta Andreia.
Os valores são alimentados pela crescente gentrificação (processo de transformação de áreas urbanas que leva ao encarecimento do custo de vida) e pelo turismo recorde.
Portugal é um dos países mais pobres da Europa Ocidental, com um salário médio mensal de cerca de 1.200 euros (R$ 6.400).
Falta de planejamento
A especialista em imigração, Patrícia Lemos, enfatiza a importância do planejamento antes da mudança e a necessidade de estrutura para evitar que imigrantes se encontrem em situações difíceis.
“Não basta sonhar e mudar. Você precisa planejar a sua mudança e vir de forma estruturada. Cada vez mais planejamento é fundamental para quem vai mudar para que o número de brasileiros não engrosse essa fila de pessoas que vão pedir, de fato, ajuda para voltar. Porque ficam em uma condição que não tem nem dinheiro nem para a passagem”, afirma Patrícia.
Autoridades portuguesas
A prefeitura e a Segurança Social de Portugal afirmaram que estão acompanhando a situação na área, mas não informaram se foi oferecido algum tipo de ajuda para os imigrantes.
Brasileiros são metade do total de imigrantes
Em Portugal, a chegada de imigrantes cresceu 25% em um ano. Os brasileiros representam quase metade do total, e muitos têm enfrentado dificuldades para se sustentar.
Em um país de pouco mais de 10 milhões de habitantes, quase 10% dos moradores são de fora. Pelo sétimo ano seguido, os portugueses viram o número de imigrantes aumentar: passou de 780 mil para 980 mil.
E, de novo, os brasileiros tiveram uma grande participação nesse crescimento. São quase 400 mil vivendo legalmente em Portugal. Os dados oficiais não incluem os cidadãos com dupla nacionalidade europeia nem os que estão em situação irregular.
De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteira, mais de 150 mil cidadãos do Brasil receberam autorização de residência em 2023 – 36% a mais do que em 2022. O SEF explicou que o aumento foi motivado por uma mudança que digitalizou e acelerou o processo de pedidos.
Fonte: Agências internacionais
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