O número de mortos resultante de um forte terremoto que atingiu o Japão no dia de Ano Novo aumentou para 64, nesta quarta-feira (3), enquanto as autoridades se apressavam para levar ajuda aos sobreviventes que enfrentam temperaturas congelantes e fortes chuvas previstas para o final do dia.
O terremoto com magnitude preliminar de 7,6 atingiu a península de Noto na tarde de segunda-feira (1°), destruindo casas e isolando áreas remotas da tão necessária ajuda.
Fortes chuvas foram previstas nas áreas atingidas pelo terremoto, na quarta-feira (3), aumentando o temor de deslizamentos de terra, o que poderia dificultar ainda mais os esforços para libertar muitas outras pessoas presas sob os escombros.
Estradas cortadas, infraestruturas danificadas e a localização remota das áreas mais atingidas complicaram os esforços de resgate. A extensão total dos danos e das vítimas permanece incerta dois dias após o terremoto.
As autoridades confirmaram 64 mortes até agora, contra 55 na noite de terça-feira (2), tornando o terremoto o mais mortal no Japão desde, pelo menos, 2016.
Sem comida ou água
Mais de 33 mil pessoas evacuaram suas casas e algumas áreas não têm acesso a água ou eletricidade e têm sinal irregular, segundo a prefeitura de Ishikawa.
Os prefeitos das cidades mais atingidas exigiram que o governo desobstruísse estradas e entregasse ajuda rapidamente em uma reunião regional de emergência realizada na manhã de quarta-feira.
“Mesmo aqueles que escaparam por pouco da morte não podem sobreviver sem comida e água”, disse Masuhiro Izumiya, prefeito de Suzu, uma cidade de cerca de 13 mil habitantes perto do epicentro do terremoto. “Não recebemos um único pão”, acrescentou.
Shigeru Sakaguchi, prefeito da cidade de Wajima, duramente atingida, disse estar grato pelos esforços do governo, mas até agora recebeu apenas duas mil refeições para cerca de dez mil evacuados.
“Algumas pessoas sentem muito frio porque há áreas que não têm acesso à eletricidade e, portanto, ao aquecimento”, disse ele. Muitas estradas foram cortadas e diversas áreas fora do centro da cidade só podiam ser alcançadas de helicóptero, acrescentou.
‘Batalha contra o tempo’
“Já se passaram mais de 40 horas desde o terremoto inicial. Esta é uma batalha contra o tempo e acredito que agora é um momento crucial nessa batalha”, disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, em entrevista coletiva realizada após uma reunião nacional de resposta a desastres.
O governo abriu uma rota marítima para entregar ajuda e alguns caminhões maiores conseguem agora chegar a algumas das áreas mais remotas, disse Kishida.
Mitsuru Kida, 74 anos, sobrevivente do terremoto que mora na cidade de Wajima, teme que voltar à vida normal fosse um processo demorado.
“As condições das estradas são terríveis. Esta é a primeira vez que as estradas são tão danificadas”, disse ele num edifício comunitário que foi transformado num centro de evacuação improvisado. “Tenho a impressão de que a maioria das pessoas ainda não recuperou energia para se levantar novamente neste momento.”
Terremotos menores continuam a atingir a península. Bombeiros que procuravam sobreviventes nos escombros de um prédio parcialmente desabado em Wajima foram vistos correndo para um local seguro quando um alarme de alerta de terremoto soou antes do meio-dia de quarta-feira, de acordo com imagens transmitidas pela emissora pública NHK.
Fonte: Reuters
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