A adaptação de velas gigantes e rígidas a um navio de carga reduziu efetivamente o consumo de combustível e as emissões de dióxido de carbono (CO2), mostram dados de empresas de transporte marítimo.
O Pyxis Ocean testou os WindWings de design britânico durante seis meses.
A Cargill afirma que os dados “ressaltam o potencial” da energia eólica para reduzir a pegada de carbono da indústria naval.
Os especialistas descrevem os resultados como “muito encorajadores”, mas dizem que, atualmente, apenas um pequeno volume da frota marítima internacional utiliza a tecnologia.
As velas impulsionam barcos há milênios – mas os tipos de velas testadas no Pyxis Ocean são diferentes daqueles normalmente vistos em embarcações movidas a vento.
Feitas do mesmo material das pás das turbinas eólicas, elas são dobradas no porto e depois abertas para ficarem a 37,5 m em mar aberto.
Depois de instalar as asas em Xangai, o navio zarpou em agosto de 2023.
A Cargill afirma que o navio passou meio ano navegando pelos oceanos Índico e Pacífico e pelo Atlântico Norte e Sul, período durante o qual consumiu em média três toneladas menos de combustível por dia.
Isto equivale a 11,2 toneladas de emissões de C02 poupadas por cada dia em que as velas foram levantadas. Se replicado ao longo de um ano, equivaleria a retirar 480 carros das estradas, calcula a Cargill.
Descarbonização
A poupança, porém, é uma gota no oceano para a indústria como um todo. Estima-se que o transporte marítimo internacional seja responsável por 837 milhões de toneladas de CO2 anualmente – ou 2,1% do total de emissões globais.
Mesmo assim, a Cargill diz estar encorajada com os resultados. “Acreditamos que as tecnologias que aproveitam o vento podem ser uma forma importante e económica de atingir os nossos objetivos de descarbonização a curto, médio e longo prazo”, afirmou Jan Dieleman, presidente do negócio de transporte marítimo da Cargill.
A empresa afirma que está “trabalhando” com mais de 250 portos em todo o mundo para encontrar formas de atracar navios equipados com velas.
A BAR Technologies, a empresa britânica que projetou as asas, está procurando outros navios para instalar e afirma que usará três asas em vez de duas no futuro, aumentando a economia de combustível e de emissões.
Hora da mudança
Stephen Gordon, diretor administrativo da empresa de dados marítimos Clarksons Research, destacou o fato de que este teste ocorreu com um navio reformado, e não com um navio totalmente novo.
“A opção de modernizar uma frota existente – como foi feito com o Pyxis Ocean – é muito útil”, disse ele. “Serão necessárias décadas para entregar todos os novos navios necessários para a jornada de descarbonização. Ainda hoje, os estaleiros em todo o mundo estão lotados e os prazos de entrega são em média de 3,5 anos”.
Gordon disse que outras empresas estão explorando tecnologias alternativas de economia de energia, como os rotores Flettner – um sistema de cilindros giratórios concebido pela primeira vez há 100 anos e que agora desfruta de um renascimento limitado.
Mas ele enfatizou que a frota marítima internacional e a carteira de pedidos de novas construções eram de 114 mil navios – e sua empresa só tinha registros de 100 deles com tecnologia assistida pelo vento.
Simon Bullock, do Tyndall Centre da Universidade de Manchester, disse que era hora de isso mudar. Ele disse que os resultados mostraram os “grandes e imediatos benefícios das tecnologias de assistência eólica” e instou outras empresas de transporte marítimo a tomarem nota.
“Para enfrentar as alterações climáticas, a indústria naval precisa de reduzir rapidamente a utilização de combustíveis fósseis. Essas tecnologias essenciais fazem grandes avanços nesse desafio e devem ser implantadas e adaptadas como padrão”, disse ele.
Fonte: BBC News
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