Um homem de 62 anos com doença renal em estágio terminal se tornou o primeiro ser humano a receber um novo rim de um porco geneticamente modificado, anunciaram médicos do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, nesta quinta-feira (21).
A cirurgia de quatro horas, realizada em 16 de março, “representa um marco importante na busca por fornecer órgãos mais prontamente disponíveis aos pacientes”, afirmou o hospital em comunicado.
O paciente, Richard Slayman, de Weymouth, Massachusetts, está se recuperando bem e deve receber alta em breve, disse o hospital.
Os especialistas estão profundamente interessados nos resultados de longo prazo do inovador transplante de animal para humano, disse o Dr. Jim Kim, diretor de transplante de rim e pâncreas do Instituto de Transplantes da USC em Los Angeles.
Slayman recebeu um transplante de rim humano no mesmo hospital em 2018, após sete anos em diálise, mas o órgão falhou após cinco anos e ele retomou os tratamentos de diálise.
O rim foi fornecido pela eGenesis de Cambridge, Massachusetts, de um porco que foi geneticamente editado para remover genes prejudiciais a um receptor humano e adicionar certos genes humanos para melhorar a compatibilidade. A empresa também inativou vírus inerentes a suínos que têm potencial para infectar humanos.
Rins de porcos editados de forma semelhante, criados pelo eGenesis, foram transplantados com sucesso para macacos que foram mantidos vivos por uma média de 176 dias e, em um caso, por mais de dois anos, relataram os pesquisadores, em outubro, na revista Nature.
Os medicamentos usados para ajudar a prevenir a rejeição do órgão do porco pelo sistema imunológico do paciente incluíam um anticorpo experimental chamado tegoprubart, desenvolvido pela Eledon Pharmaceuticals.
A cirurgia marca o progresso no xenotransplante – o transplante de órgãos ou tecidos de uma espécie para outra – disse o Dr. Robert Montgomery, diretor do NYU Langone Transplant Institute, que não esteve envolvido no caso.
O campo “está cada vez mais perto de se tornar uma fonte alternativa de órgãos para muitas centenas de milhares de pessoas que sofrem de insuficiência renal”, disse ele por e-mail.
De acordo com a Rede Unida para Compartilhamento de Órgãos, mais de 100 mil pessoas nos EUA aguardam um órgão para transplante, sendo os rins os mais procurados.
Os cirurgiões da NYU já haviam transplantado rins de porco em pessoas com morte cerebral.
Montgomery disse que os centros de transplante estão adotando abordagens diferentes em termos de edição de genes e medicamentos, acrescentando que “outro grande passo será quando a FDA autorizar os ensaios clínicos para que possamos entender melhor o que funcionará melhor para os pacientes em nossas listas de espera”.
Uma equipe da Universidade de Maryland transplantou, em janeiro de 2022, um coração de porco geneticamente modificado em um homem de 57 anos com doença cardíaca terminal, mas ele morreu dois meses depois.
Fonte: Agência Reuters
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