Ao perguntar o preço da diária dos hotéis de Aracê, a resposta invariavelmente é: com vista para a Pedra Azul, a diária custa tantos reais; sem vista, muito menos. A informação mostra o protagonismo desse monolito gigante cuja coloração muda conforme os raios solares.
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Predomina o azul, mas podem aparecer tons esverdeados e amarelados. De quebra, uma saliência no alto da pedra remete à escalada de um lagarto. Em volta dessa paisagem bucólica, há uma consistente rede hoteleira – pousadas românticas, hotelões para famílias, restaurantes transados e propriedades especializadas em produtos orgânicos.
Sem sombra de dúvida, a Pedra Azul, com seus 1 822 metros e dentro do parque estadual homônimo, é o grande cartão-postal da Serra Capixaba – não à toa, muitos conhecem a região por esse nome. Mas fica no distrito de Aracê, que pertence a Domingos Martins.
Para entender melhor, vamos retroceder 51 quilômetros, BR-262 abaixo. Lá fica Domingos Martins, a entrada da Serra Capixaba, uma simpática cidade colonizada por italianos, alemães e pomeranos.
A Casa da Cultura, perto do Museu da Colonização Alemã, é uma espécie de première da região. Há peças de artesanato e um documentário sobre a chegada dos primeiros imigrantes.
De volta à estrada, o trecho de subida de serra é um pouco íngreme, mas com curvas sutis – a direção flui rapidamente. Se você espera ver a Pedra Azul ganhando forma à medida que se aproxima, melhor esquecer. O traçado é fechado, cheio de árvores, e ela aparece uma vez, do lado esquerdo da estrada. Para saciar a curiosidade, entre na Rota do Lagarto, estradinha estreita de paralelepípedos com restaurantes e pousadas charmosos, em 2 quilômetros, aparece a portaria do Parque Estadual da Pedra Azul.
O caminho das pedras
Passeio a cavalo na fazenda Fjordland. Foto: Divulgação/Fjordland
E o que se pode fazer dentro do parque? Alcançar o topo é para escaladores feras, mas há duas trilhas abertas ao público. Até a base da pedra, chegar é moleza. O caminho tem 1,5 quilômetro (ida e volta) e pode ser feito por netinhos e vovós. A outra trilha vai até as famosas piscinas naturais, exige condicionamento físico para encarar uma escalada de 100 metros com cordas e precisa ser feita com guia agendado. O visual compensa.
No final da Rota do Lagarto, 5 quilômetros depois da portaria do parque, o Quadrado de São Paulinho tem pousadas e locais para uma refeição leve. No Tuia, o chocolate quente é imperdível; na vizinha Marietta Delicatessen, resistir aos biscoitos é uma provação.
Agroturismo do bom
Foto: Divulgação
Em Aracê, há vida além da Pedra Azul. Pouca, é verdade. Mas bem interessante. Na estrada para Afonso Cláudio, há uma série de produtores rurais. Primeira parada: Apiário Florin, com loja recheada de produtos com mel. Um pouco mais adiante, o Sítio dos Palmitos vende sete tipos do produto em vários formatos: conservas, antepastos, massas secas, recheio de massas frescas e até fondue. Tem uma bancada para degustação, mas não há acesso à área de plantação.
Para fechar o ciclo, uma visita a um dos mais importantes produtores orgânicos do país: a Domaine Ile de France, que ocupa um terreno de 100 hectares em meio à Mata Atlântica. De lá sai um tour guiado que passa por todas as etapas de produção de vários itens – em uma hora e meia, caminha-se 2,5 quilômetros pela fazenda. Além da lojinha, há dois restaurantes, cujas receitas têm ingredientes orgânicos, claro, e uma pousada.
Fonte: Viagem & Turismo/Fernando Leite
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