Inaugurados com sua forma conhecida hoje em 1750, os Arcos da Lapa foram construídos ao longo do século XVIII, com uma função muito clara: abastecer de água a população da cidade do Rio de Janeiro. Por esse motivo, também era conhecida como Aqueduto da Carioca, já que trazia água da nascente do Rio Carioca para a área urbana – com o tempo, a estrutura exerceu diferentes funções até se converter no cartão postal que é hoje.
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A imagem consagrada atualmente também se originou por uma razão bastante prática: o que havia lá, no início, era uma estrutura com canos de ferro, que se degradava rapidamente em função da corrosão. O governo da época, encabeçado por Gomes Freire de Andrade, encomendou então os arcos feitos a partir de pedra, cal e óleo de baleia, um combo tão resistente que segue em pé ainda hoje.
Um símbolo do Brasil colonial
Erguida com mão de obra escravizada – tanto indígena quanto africana –, a construção se estende por 270 metros de comprimento e 17,6 metros de altura. Como um aqueduto clássico, foi pensado no estilo romano, uma civilização que deixou várias obras do tipo espalhadas pela Europa.
Os 42 arcos duplos da estrutura estendem-se do morro de Santa Teresa até o Convento das Carmelitas e são considerados uma das maiores obras erguidas no Brasil ainda durante o período colonial.
Por se tratar de uma construção imponente em uma época de edificações geralmente baixas, o aqueduto podia ser visto de longe no Rio antigo, o que o transformou em símbolo muito antes de ser reconvertido em ponto turístico. Com o tempo, o Aqueduto da Carioca tornou-se um ponto de encontro da população.
Os Arcos da Lapa como ponto turístico
No final do século XIX, o Aqueduto da Carioca tornou-se obsoleto para sua função original. Em 1896, já desnecessário para o transporte de água, a obra começou a ser utilizada como rota para os bondes da cidade, um caminho que é usado ainda hoje e um dos passeios mais agradáveis de se fazer.
Os Arcos da Lapa se tornaram também um marco da fotografia de paisagem do Rio de Janeiro. A obra passou pelas lentes de inúmeros fotógrafos. Um dos mais renomados foi o francês Jean Victor Frond. Os retratos estão publicados na obra Brasil Pitoresco (1861), primeiro livro de fotografia realizado na América Latina.
No início do século XX, a Lapa passou por uma série de reformas e demolições. No entanto, os arcos se mantiveram e, em 1938, com a criação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), eles foram protegidos pelo tombamento.
Hoje, os arcos estão entre as principais atrações turísticas de uma cidade pródiga em lugares para se conhecer. O antigo aqueduto tornou-se um ícone arquitetônico de uma região famosa pela boemia. Aliás, duas das mais renomadas casas de shows da cidade estão localizadas nas redondezas dos Arcos da Lapa: a Fundição Progresso e o Circo Voador.
Toda a região emoldurada pelos arcos está repleta de bares e restaurantes. Nas proximidades também ficam outros pontos turísticos como a Escadaria Selarón e a Praça Cardeal Câmara.
Fonte: Viagem e Turismo – Abril/Gabriel Bortulini
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