A disputa entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Petrobras a respeito da exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas continua em movimento. O órgão informou, na quinta-feira (32), que enviou à petrolífera um ofício solicitando esclarecimentos e complementações sobre o Plano de Proteção e Atendimento à Fauna Oleada (PPAF) para realizar perfurações exploratórias na região, localizada a cerca de 170 km da costa do Amapá.
A Petrobras tenta reverter a negativa desde maio de 2023. Existem preocupações constantes do Ibama em relação aos potenciais riscos ambientais que a exploração de petróleo na Margem Equatorial pode trazer. Em especial, a autarquia destacou que os planos de contenção de um possível vazamento de óleo não atendem aos padrões de segurança exigidos.
Um dos pontos mais críticos é o tempo de resposta caso ocorra um acidente. Segundo o Ibama, as embarcações para controle de derramamento levariam até 48 horas para chegar ao local, tempo que, segundo especialistas, poderia resultar em danos irreversíveis ao ecossistema local.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, esclareceu que não houve, ainda, o indeferimento. “O que houve foi um pedido de informações sobre uma base que a Petrobras está propondo fazer na região da possível área de exploração na Foz do Amazonas, mas não houve rejeição”, disse.
A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, afirmou que a empresa está determinada a obter a licença ambiental e segue realizando adequações para responder aos questionamentos do Ibama. “Estamos respondendo a todos os pedidos do Ibama. Creio que não vai demorar muito para conseguirmos a licença”, declarou Anjos durante um evento da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP).
Riscos ambientais
A exploração de petróleo na Margem Equatorial gera forte resistência entre especialistas. O ambientalista Thiago Ávila, alerta para os impactos ambientais que a atividade poderia causar à fauna e à flora da região. “O Ibama já negou a licença para essas perfurações diversas vezes, apontando que as medidas para evitar desastres ainda não estão claras”, afirmou Ávila.
A Foz do Amazonas abriga ecossistemas extremamente sensíveis, incluindo manguezais e recifes que sustentam uma biodiversidade rica e indispensável para as comunidades locais. O que Ávila aponta é que um derramamento de óleo, por exemplo, tenha consequências para a fauna marinha e também para as populações humanas que dependem desses recursos naturais.
Fonte: Correio Braziliense/Edla Lula
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