Os astronautas Suni Williams, Butch Wilmore, Nick Hague e o cosmonauta Aleksandr Gorbunov deixaram a nave espacial Crew Dragon, da SpaceX, após o pouso bem sucedido do fim da tarde desta terça-feira (18).
O retorno deles coroa uma missão espacial prolongada que foi repleta de incertezas e problemas técnicos, transformando um raro exemplo de planejamento de contingência da NASA – e os últimos fracassos da Starliner – em um espetáculo global e político.
A astronauta da NASA Suni Williams é ajudada a sair da nave de recuperação SpaceX MEGAN, na costa de Tallahassee, Flórida. Foto: NASA/Keegan Barber/Divulgação via REUTERS
Wilmore e Williams, dois astronautas veteranos da NASA e pilotos de teste aposentados da Marinha dos EUA, foram lançados ao espaço como a primeira tripulação da Starliner em junho de 2024 para o que era esperado ser uma missão de teste de oito dias. Mas problemas com o sistema de propulsão da Starliner levaram a atrasos em cascata em seu retorno para casa, culminando em uma decisão da NASA de incluí-los em seu cronograma de rotação de tripulação e devolvê-los em uma nave SpaceX este ano.
Na manhã de terça-feira, Wilmore e Williams se prenderam à nave Crew Dragon junto com outros dois astronautas e desembarcaram da ISS à 1h05 ET (05h05 GMT) para embarcar em uma viagem de 17 horas até a Terra.
A tripulação de quatro pessoas, formalmente parte da missão de rotação de astronautas Crew-9 da NASA, mergulhou na atmosfera da Terra usando seu escudo térmico e dois conjuntos de paraquedas para reduzir sua velocidade orbital de 27.359 km/h para suaves 27,36 km/h no momento do pouso, que ocorreu às 17h57, horário do leste, a cerca de 80 quilômetros da Costa do Golfo da Flórida, sob céu limpo.
“Que viagem”, disse o astronauta da NASA Nick Hague, comandante da missão Crew-9 dentro da cápsula Dragon, ao controle da missão momentos após a amerissagem. “Vejo uma cápsula cheia de sorrisos, de orelha a orelha”.
Os astronautas serão levados em um avião da NASA para os alojamentos da tripulação no Centro Espacial Johnson da agência espacial, em Houston, para alguns dias de exames de saúde de rotina antes que os cirurgiões de voo da NASA digam que eles podem voltar para casa com suas famílias.
“Eles terão um merecido tempo de folga, um merecido tempo com suas famílias”, disse o chefe do Programa de Tripulação Comercial da NASA, Steve Stich, aos repórteres após o mergulho. “Faz muito tempo para eles”.
286 dias no espaço
A ISS, a cerca de 408 quilômetros de altitude, é um laboratório de pesquisa do tamanho de um campo de futebol que tem sido abrigado continuamente por equipes internacionais de astronautas por quase 25 anos, uma plataforma fundamental de diplomacia científica gerenciada principalmente pelos EUA e pela Rússia.
Envolvidos na rotina de rotação de astronautas da NASA, Wilmore e Williams trabalharam em cerca de 150 experimentos científicos a bordo da estação até que sua tripulação substituta foi lançada na semana passada.
A dupla registrou 286 dias no espaço na missão — mais do que a duração média de seis meses de uma missão na ISS, mas muito aquém do recordista americano Frank Rubio, cujos 371 dias no espaço, terminando em 2023, foram o resultado inesperado de um vazamento de refrigerante em uma nave espacial russa.
Viver no espaço por meses pode afetar o corpo humano de várias maneiras , desde atrofia muscular até possível deficiência visual.
Williams, coroando seu terceiro voo espacial, contabilizou 608 dias cumulativos no espaço, o segundo maior número para qualquer astronauta dos EUA, depois dos 675 dias de Peggy Whitson. O cosmonauta russo Oleg Kononenko estabeleceu o recorde mundial no ano passado com 878 dias cumulativos.
“Viemos preparados para ficar muito tempo, embora planejássemos ficar pouco tempo”, disse Wilmore aos repórteres do espaço no início deste mês.
“É disso que se trata o programa de voo espacial humano da sua nação”, ele disse. “Planejar para contingências desconhecidas e inesperadas. E nós fizemos isso”.
Fonte: Reuters/Joey Roulette
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