O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta quarta-feira (2), a implementação de novas tarifas sobre produtos importados, gerando debates sobre a metodologia utilizada para determinar esses valores.
O analista de Internacional Lourival Sant’Anna explicou que, de acordo com uma análise do jornalista econômico James Surowieck, o cálculo das sobretaxas pelos EUA não segue uma lógica econômica ou comercial convencional. O método revelado por Surowieck consiste em dividir o déficit comercial que os EUA têm com um determinado país pelo valor total das importações provenientes desse mesmo país. Esse cálculo resultou em porcentagens que foram aplicadas como tarifas adicionais, variando de 10% a 50% para diferentes nações.
Impacto nas relações comerciais
A revelação desse método de cálculo levanta questões sobre a transparência e a justificativa das medidas comerciais adotadas pelos Estados Unidos. Países como Lesoto e São Pedro e Miquelão enfrentam as maiores sobretaxas, chegando a 50%, enquanto o Camboja enfrenta uma tarifa de 49%.
No caso do Brasil, apesar de ter um déficit comercial com os EUA, o país foi incluído na lista dos que receberão a tarifa mínima de 10%. Segundo os cálculos baseados na lógica apresentada, o Brasil deveria impor uma tarifa extra de 3,7% sobre os produtos americanos, considerando o déficit de US$ 300 milhões em relação a uma importação total de US$ 40,6 bilhões.
Controvérsias e informações imprecisas
A análise também destacou inconsistências nas declarações oficiais sobre as tarifas. Um exemplo notável é o caso do Canadá, onde foi alegado que o país impõe “vergonhosas sobretaxas de até 300%” sobre produtos lácteos americanos. No entanto, essa informação foi contestada, revelando-se que tais tarifas só se aplicariam caso as exportações ultrapassassem significativamente as cotas estabelecidas, o que raramente ocorre.
Essas revelações levantam preocupações sobre a precisão das informações utilizadas para justificar as políticas comerciais e seu potencial impacto nas relações econômicas internacionais. A comunidade internacional aguarda esclarecimentos adicionais sobre a metodologia empregada e suas implicações para o comércio global.
Fonte: CNN Brasil
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