Desde a sexta-feira (18), os municípios do sul do Rio de Janeiro estão recebendo a 20ª edição do Festival Vale do Café. O evento vai até o dia 27 de julho e, ao longo dos anos, se tornou uma referência cultural que conecta tradição e contemporaneidade, valorizando tanto o patrimônio histórico quanto práticas sustentáveis.
Neste ano, o festival homenageia o violonista e compositor maranhense Turíbio Santos. A programação inclui espetáculos gratuitos de música instrumental, clássica e popular, realizados em praças, fazendas históricas e igrejas centenárias na região conhecida como Vale do Café.
As cidades participantes são Pinheiral, Barra do Piraí, Piraí, Rio das Flores, Vassouras, Valença e Engenheiro Paulo de Frontin.
Entre as atrações, a cantora e instrumentista Nilze Carvalho será convidada especial de Marcel Powell, violonista reconhecido na cena contemporânea da música brasileira.
O festival também conta com apresentações do pianista Felipe Naim, do saxofonista e produtor musical Leo Gandelman, da harpista, cantora e compositora Cristina Braga, além do violonista Ulisses Rocha.
Fazendas históricas do Vale do Café
Fazenda Florença, em Conservatória, distrito de Valença. Foto: Divulgação
Nas fazendas em estilo colonial que fazem parte da programação do festival, os visitantes terão contato direto com a história da região e do Brasil. Uma delas é a Fazenda Florença, em Conservatória, distrito de Valença, onde será a abertura do festival, às 14h desta sexta-feira, com um concerto de piano de Felipe Naim.
Na sequência o público fará uma visita à sede, que é uma casa histórica de influência neoclássica, com uma guia vestida com figurino da época colonial.
“A fazenda é muito procurada por causa desta parte histórica e arquitetônica. As pessoas que estão vindo nos contratar para fazer esta visita guiada. Se visitarem outras fazendas da região, vão ver que cada uma tem uma arquitetura distinta”, explicou o proprietário da fazenda, Paulo Roberto dos Santos.
Na propriedade, será possível conhecer detalhes dessa arquitetura como, por exemplo, que os casarões têm pé direito alto para que a temperatura em seu interior se mantenha sempre amena.
Outra característica marcante é que as casas tinham também um quarto para abrigar os padres que chegavam para celebrar missas e fazer batizados nas crianças que nasciam no local. O pernoite nas propriedades era necessário diante das grandes distâncias entre as localidades e as dificuldades de deslocamentos.
“Naquela época, a religiosidade era muito grande, e eles vinham para fazer eventos de rezas e de orações. Era muito comum essas festas nas fazendas”, comenta, acrescentando que esses quartos ficavam logo na entrada das casas, sem contato com as partes mais destinadas à família”, comenta Paulo Roberto dos Santos
Algumas casas do Vale do Café são rústicas, e outras, mais requintadas. Paulo Roberto conta que muitos de seus antigos proprietários tinham casas também no Rio de Janeiro, junto à Corte, e traziam o requinte do entorno da Família Real para as fazendas.
“Outros fazendeiros, mais raiz, construíram casas muito grandes porque tinham muitos filhos ─ 10, 12, 14 ─, mas não tinham esse requinte. Era comum o mobiliário dessas casas vir da Europa, que foi a influência da chegada de D. João VI”, conta o fazendeiro, que antes de ser proprietário da Fazenda Florença era dentista e professor de Odontologia na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Café especial
Enquanto estiverem nas propriedades, os visitantes poderão ficar bem perto do produto principal da economia da região: o café, que pode ser degustado nas próprias fazendas, depois de passeios pelos cafezais já premiados pela sua alta qualidade.
No caso da Fazenda Florença, o café é classificado de especial. Segundo o gerente da fazenda, João Roberto Costa Medeiros, isso se deve, entre outros fatores, à colheita manual, permitindo um controle maior dos melhores grãos.
O atual cultivo de café na propriedade, que começou em 2017, tem 14 mil pés, com produção anual de 30 sacas, cada uma de 60 quilos em média.
Confira a programação:
Sexta-feira (25)
Fazenda União – Rio das Flores
Edigar Nio Trio, part. especial Yumi Park – Entre a Bossa e o Tango
- 15h às 16h – Lanche
- 16h – Concerto
- 17h – Visitação
Sábado (26)
Fazenda Ponte Alta – Barra do Piraí
Léo Gandelman convida Eduardo Farias – Música de Fronteira
- 09h às 10h – Visitação
- 10h às 11h – Lanche
- 11h – Concerto
Fazenda Alliança – Barra do Piraí
José Staneck, Ricardo Santoro e Marina Spoladore – Viva a Ópera
- 14h30 às 15h30 – Visitação ao Caminho do Café
- 15h às 16h – Lanche
- 16h – Concerto
Domingo (27)
Fazenda Monte Alegre – Paty de Alferes
Marcel Powell convida Nilze Carvalho – Musicalidade Negra
- 09h30 às 10h45 – Visitação
- 11h – Concerto
- 12h – Lanche
Concerto gratuito
Terça-feira (22)
- Café Cultural
18h – Centro Cultural Cazuza, Vassour
Quarta-feira (23)
- Café Cultural
18h – Centro Cultural Cazuza, Vassouras
Quinta-feira (24)
- Café Cultural
18h – Centro Cultural Cazuza, Vassouras - Cristina Braga
20h – Catedral de Nossa Senhora da Glória, Valença - Braga Priscila Rato e Marcelo Caldi – Música Brasileira
20h – Igreja Matriz Sant’Anna, Piraí
Sexta-feira (25)
- Concerto de professores e alunos
10h – Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição, Vassouras - Ulisses Rocha Trio – Tributo a Milton Nascimento
19h – Centro Cultural do Café, Rio das Flores
Sábado (26)
- Kiko Horta Trio – Sanfona Faz a Festa
19h – Estação Ferroviária, Eng. Paulo de Frontin
Fonte: Catraca Livre Viagem/Agência Brasil
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