Pesquisadores da Universidade de Edimburgo disseram, nesta quarta-feira (6), que descobriram diferenças no DNA de pessoas com síndrome da fadiga crônica que devem ajudar a dissipar a noção de que a condição debilitante é psicológica ou causada pela preguiça.
O estudo encontrou oito áreas do código genético que são diferentes em pessoas com encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica (EM/SFC) do que em voluntários saudáveis.
A descoberta fornece “a primeira evidência robusta de que os genes contribuem para a chance de uma pessoa desenvolver a doença”, disseram os pesquisadores em um comunicado.
As principais características da condição incluem piora da fadiga, dor e confusão mental, mesmo após pequenas atividades físicas ou mentais.
Muito pouco se sabe sobre as causas da EM/SFC, e não há teste diagnóstico ou cura. Acredita-se que a condição afete cerca de 67 milhões de pessoas em todo o mundo, disseram os pesquisadores.
O estudo DecodeME analisou amostras de DNA de 15.579 pessoas que relataram ter fadiga crônica em um questionário e 259.909 pessoas sem ela, todas de ascendência europeia.
Variantes genéticas que eram mais comuns em pessoas que relatavam EM/SFC estavam ligadas aos sistemas imunológico e nervoso, de acordo com um relatório do estudo que ainda não foi revisado por pares.
Pelo menos duas regiões genéticas estão relacionadas à forma como o corpo responde à infecção, o que condiz com relatos de que os sintomas geralmente começam após uma doença infecciosa, disseram os pesquisadores.
Outra região genética já foi identificada em pessoas com dor crônica, outro sintoma comum da doença.
As descobertas “estão de acordo com décadas de relatos de pacientes sobre suas experiências”, disse o pesquisador Andy Devereux-Cooke em uma declaração, acrescentando que elas “devem provar ser revolucionárias no campo de pesquisa da EM/SFC”.
“Esses resultados não significarão que um teste ou cura será desenvolvido imediatamente, mas levarão a uma maior compreensão”, disse ele.
Cientistas que não participaram do estudo afirmaram que usar voluntários que relataram síndrome da fadiga crônica, em vez de restringir a participação àqueles com diagnóstico médico, enfraqueceu um pouco as conclusões. Eles pediram estudos maiores para replicar os resultados.
Será necessário um trabalho substancial “para traduzir essas descobertas em novos tratamentos”, disse a Dra. Jackie Cliff, que estuda infecção e imunidade em EM/SFC na Universidade Brunel de Londres. “Isso exigirá um investimento considerável da academia e da indústria”.
Fonte: Reuters/Nancy Lapid
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