O exército israelense alertou os palestinos na Cidade de Gaza para que partissem para o sul, neste sábado (6), antes de bombardear um arranha-céu, enquanto suas forças avançam para o interior da maior área urbana do enclave.
As forças israelenses vêm realizando uma ofensiva nos subúrbios da cidade do norte há semanas, depois que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ordenou que os militares a capturassem.
Netanyahu diz que a Cidade de Gaza é um reduto do Hamas e que capturá-la é necessário para derrotar os militantes islâmicos palestinos, cujo ataque a Israel em outubro de 2023 desencadeou a guerra.
O ataque ameaça deslocar centenas de milhares de palestinos que se abrigam ali após quase dois anos de combates. Antes da guerra, cerca de um milhão de pessoas, quase metade da população de Gaza, viviam na cidade.
O porta-voz militar israelense Avichay Adraee escreveu no X que os moradores deveriam deixar a cidade e ir para uma área costeira designada de Khan Younis, no sul de Gaza, garantindo aos que estivessem fugindo que eles poderiam receber comida, assistência médica e abrigo lá.
A área designada era uma “zona humanitária”, disse Adraee.
Os militares também emitiram os chamados “avisos de evacuação” para civis em certas áreas da cidade, avisando que estavam prestes a realizar ataques.
Mais tarde, os militares bombardearam um arranha-céu na Cidade de Gaza que, segundo eles, estava sendo usado pelo Hamas, sem apresentar evidências que sustentassem a afirmação.
Afirmaram que os civis foram avisados com antecedência.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, compartilhou um vídeo no X do que parecia ser um prédio de vários andares desabando após o ataque, lançando uma nuvem de poeira e detritos no ar.
Não ficou imediatamente claro se houve vítimas.
O exército israelense afirmou que o Hamas usou o prédio para coletar informações e que dispositivos explosivos foram instalados nas proximidades. O Hamas negou usar o prédio para fins militares, e os palestinos disseram que ele havia sido usado para abrigar os deslocados.
“Essas torres são rigorosamente monitoradas, a entrada é permitida exclusivamente para civis”, disse o Hamas em um comunicado, acrescentando que as alegações israelenses constituem “um plano de deslocamento forçado sistemático”.
Autoridades de saúde de Gaza disseram que ataques e tiros israelenses mataram pelo menos 40 pessoas no enclave de Gaza no sábado, pelo menos metade delas na Cidade de Gaza.
Ataques pesados
O exército israelense bombardeou outro arranha-céu na sexta-feira, que também disse estar sendo usado pelo Hamas.
Na quinta-feira (4), os militares afirmaram ter controle sobre quase metade da Cidade de Gaza. Eles afirmam controlar cerca de 75% de toda a Faixa de Gaza.
Palestinos inspecionam o local de um ataque aéreo israelense que destruiu um prédio residencial, na Cidade de Gaza. Foto: REUTERS/Dawoud Abu Alkas
Muitos dos que viviam na Cidade de Gaza foram deslocados no início da guerra e retornaram mais tarde. Alguns moradores disseram que se recusam a ser deslocados novamente.
Os militares vêm realizando ataques pesados na cidade há semanas, avançando pelos subúrbios, e nesta semana as forças estavam a poucos quilômetros do centro da cidade.
Netanyahu, apoiado por aliados da coalizão de direita, ordenou a captura da Cidade de Gaza contra a orientação da liderança militar israelense, segundo autoridades israelenses. Apesar da hesitação, o exército convocou dezenas de milhares de reservistas para apoiar a operação.
A guerra em Gaza deixou Israel cada vez mais isolado diplomaticamente, com alguns de seus aliados mais próximos condenando a campanha que devastou o pequeno território.
Na sexta-feira (5), a Anistia Internacional pediu a Israel que interrompesse sua ofensiva na Cidade de Gaza e o deslocamento em massa de centenas de milhares de palestinos, alertando que os militares destruíram casas e mataram “dezenas de civis” nos últimos dias.
Fonte: Reuters/Alexander Cornwell
Comente este post