A última coisa de que Lukia Akimu se lembra é da enchente que atingiu seu vilarejo perto do Monte Soche nesta semana, quando o ciclone tropical Freddy atingiu o sul do Malawi. A próxima coisa que ela soube foi que acordou no hospital, com a cabeça envolta em bandagens e o pescoço em uma cinta.
O ciclone tropical Freddy matou mais de 400 pessoas no Malawi, Moçambique e em Madagascar desde que atingiu a África pela primeira vez no final de fevereiro e voltou para atingir a região pela segunda vez neste fim de semana.
A tempestade já se dissipou, mas as fortes chuvas devem continuar em partes do Malawi e provavelmente causarão mais inundações nas áreas à beira do lago, disse o Ministério de Recursos Naturais e Mudanças Climáticas em um comunicado.
Em Moçambique, algumas aldeias foram completamente isoladas desde que o ciclone atingiu a segunda vez no sábado (11). “Mobilizamos barcos e outros meios para procurar e resgatar pessoas. Há muitas comunidades retidas”, disse Paulo Tomas, porta-voz da agência moçambicana de socorro a desastres.
Pelo menos 53 pessoas morreram em Moçambique e 326 no Malawi, desde o fim de semana, segundo dados do governo. A tempestade já havia matado cerca de 27 pessoas em Madagascar e Moçambique antes de atingir Moçambique pela segunda vez.
A tempestade feriu pelo menos 700 pessoas no Malawi na última contagem.
Como a chuva continuou a cair, alguns tiveram que enterrar seus mortos. No vilarejo de Mtauchira, no Sul, homens ficavam em sepulturas recém cavadas que se enchiam como poças, retirando a água com baldes para que pudessem colocar os caixões.
Enquanto a eletricidade começava a voltar no Malawi, muitos lugares afetados pela tempestade ainda não tinham água corrente, inclusive em Blantyre, a segunda maior cidade.
Alguns residentes de Blantyre disseram que gostariam de ter ouvido os avisos para fugir antes do ciclone, mas não entenderam a gravidade da situação e agora não tinham para onde ir.
Freddy é um dos ciclones tropicais mais duradouros já registrados e um dos mais mortais da África nos últimos anos.
Fonte: Reuters
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