O Kremlin disse, nesta sexta-feira (22), que o ataque à Ucrânia usando um míssil balístico hipersônico recém desenvolvido foi uma mensagem ao Ocidente de que Moscou responderá duramente a quaisquer ações ocidentais “imprudentes” em apoio à Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, falou um dia após o presidente Vladimir Putin dizer que Moscou havia disparado o novo míssil – o Oreshnik ou Hazel Tree – contra uma instalação militar ucraniana em resposta ao ataque de Kiev à Rússia com mísseis fabricados nos EUA e na Grã-Bretanha esta semana, pela primeira vez após os EUA terem concedido sua aprovação.
“A mensagem principal é que as decisões e ações imprudentes dos países ocidentais que produzem mísseis, os fornecem à Ucrânia e, posteriormente, participam de ataques em território russo não podem permanecer sem uma reação do lado russo”, disse Peskov aos repórteres.
“O lado russo demonstrou claramente suas capacidades, e os contornos de novas ações retaliatórias no caso de nossas preocupações não serem levadas em consideração foram claramente delineados”, disse ele.
Moscou disse que considera o disparo de mísseis ATACMS e Storm Shadow pela Ucrânia contra a Rússia como prova do envolvimento direto dos EUA e da Grã-Bretanha na guerra. Diz que os dados de mira de satélite e a programação real das trajetórias de voo dos mísseis devem ser feitos por pessoal militar da OTAN, porque Kiev não tem as capacidades por si só.
Putin disse que Moscou havia atingido uma empresa de mísseis e defesa na cidade ucraniana de Dnipro, onde fica a sede da empresa de mísseis e foguetes espaciais Pivdenmash, conhecida como Yuzhmash pelos russos.
O Ministério da Defesa da Rússia disse, na sexta-feira, que todas as ogivas do míssil atingiram seus alvos e comemorou o que disse ser seu primeiro uso bem-sucedido de um míssil balístico hipersônico de alcance intermediário com ogivas convencionais em combate.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que o uso do novo míssil pela Rússia equivale a “uma escalada clara e severa” e pediu forte condenação mundial.
Peskov disse que a Rússia não foi tecnicamente obrigada a avisar os Estados Unidos sobre o ataque porque o míssil usado era de alcance intermediário e não intercontinental, mas disse que Moscou informou os EUA 30 minutos antes do lançamento de qualquer maneira.
Ele disse que Putin continua aberto ao diálogo, mas que o governo do presidente dos EUA, Joe Biden, “prefere continuar no caminho da escalada” e pediu que ele acate um alerta emitido por Putin em setembro.
Putin disse na época que o Ocidente estaria lutando diretamente com a Rússia se permitisse que a Ucrânia atacasse território russo com mísseis de longo alcance de fabricação ocidental, uma atitude que, segundo ele, alteraria a natureza e o escopo do conflito e forçaria Moscou a tomar “decisões apropriadas” com base nas novas ameaças.
Em seus comentários televisionados na quinta-feira, Putin disse que a Rússia havia disparado seu novo míssil depois que a Ucrânia, com a aprovação do governo Biden, atingiu a Rússia com seis mísseis ATACMS de fabricação norte-americana, na terça-feira, e com mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow e HIMARS de fabricação norte-americana, na quinta-feira.
Peskov disse que esperava que os EUA tivessem recebido e entendido a mensagem de Moscou.
“Quanto à abertura ao diálogo, mesmo na declaração de ontem, o presidente enfatizou sua prontidão para quaisquer contatos — tanto com vistas à redução da tensão, para evitar uma nova escalada, quanto para alcançar uma trajetória pacífica”, disse Peskov.
“A declaração de ontem (de Putin) foi muito abrangente, clara e lógica. Não temos dúvidas de que a atual administração em Washington teve a oportunidade de se familiarizar com essa declaração e entendê-la”.
Fonte: Agência Reuters/ Dmitry Antonov
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