Imagine um grupo de mulheres de Alfredo Chaves que fazia biscoitinhos de polvilho sob encomenda, em pouca quantidade, e que agora se profissionalizou e a produção se diversificou, consumindo mais de meia tonelada de farinha de trigo por mês.
Estamos falando da Associação Mulheres do Vale do Batatal, que há quatro anos produz pães, cavacos doces e salgados, bolos de diversos sabores e casadinhos para toda a região e municípios vizinhos. As especialidades das agricultoras chegam aos supermercados da cidade, em encomendas para festas e ainda atendem ao projeto de merenda escolar da Prefeitura Municipal de Alfredo Chaves.
Para contar um pouco sobre este caso de sucesso de composição familiar, que na mistura leva determinação, empoderamento e vontade de prosperar, a TV Gazeta acompanhou um dia de trabalho das associadas e que, em breve, será exibido no Jornal do Campo.
Conforme relato, a entidade que já existe a quatro anos, tomou corpo jurídico em 2021 com inscrição – Associação Mulheres do Vale do Batatal. O nome faz analogia à localidade que está inserida num grande vale; e a decisão de formalizar a associação contou com o apoio do Incaper local, de modo especial do extensionista, Marcelo Ladeia, que, acompanhando o trabalho das agricultoras de perto, percebeu forte potencial para que a atividade pudesse prosperar ainda mais.
Conforme uma das mulheres envolvidas, Ana Maria Bertolde, tudo começou com um grupo de 15 pessoas que, ao participar de um curso oferecido pelo Senar, perceberam a possibilidade de atuar na produção de pães e biscoitos. A ideia não deu certo e pouco tempo depois a parceria foi desfeita, dando origem a uma nova formação, desta vez com quatro amigas, antigas colegas de escola.
“Começamos usando os utensílios de casa e aí foram muitas batedeiras queimadas, vasilhas que não comportava a quantidade e devido à falta de estrutura, deixamos de atender muitos pedidos. Precisávamos produzir mais, porém não tínhamos equipamentos adequados. Foi assim que o Marcelo, nosso amigo e funcionário do Incaper nos orientou a abrir associação, conversou com nossos maridos, explicou sobre as vantagens e com um ano já formalizadas ele escreveu um projeto para o governo do estado que nos beneficiou com equipamentos industriais que quando foram entregues nem acreditamos ser verdade”, contou Ana.
Com o reforço dos equipamentos que foram adquiridos via Contrato de Doação celebrado entre a Secretaria Estadual de Agricultura e a Prefeitura de Alfredo Chaves, mediado pelo Incaper, a produção saltou para nível industrial. Agora com uma amassadeira, uma batedeira planetária, um cilindro sovador, uma balança eletrônica, um forno a gás turbo e um armário, a produção foi ampliada com atendimento para mais clientes.
Sônia Basseto Breda é presidente da Associação e mora a cera de 5 km da fábrica o que não é motivo para desanimo. “Sempre ficava pensando o que de fato eu poderia fazer para me sentir motivada. E buscando estas respostas, me realizei no que mais gosto de fazer: preparar bolos e biscoitos”, revelou.
Sobre o ambiente de trabalho e o que traz a inspiração para estarem juntas todos os dias, as integrantes são unânimes em afirmar que já se sentem uma família, pois enfrentam as dificuldades do dia a dia juntas, são confidentes, discutem, mas no final estão todas unidas fazendo planos para a associação.
“Nossos filhos casaram, as vezes nos deparávamos em casa sozinhas ou íamos ajudar nossos maridos nas lavouras. Agora também somos empreendedoras, conquistamos nosso espaço de trabalho, nossa independência financeira e ainda ajudamos nossas famílias”, comemoraram.
Sobre as dificuldades enfrentadas, as associadas destacaram a logística de entrega. Muitas vezes a fábrica tem estoques de produtos, mas não consegue atender todos os clientes por falta de transporte, pois dependem do apoio logístico dos maridos para deslocar os produtos. Situação que elas acreditam que terá fim ao conseguirem adquirir um veículo para a associação.
“Já somamos na consultoria para captar estes equipamentos para a associação, via governo do Estado e agora com a fábrica estruturada, nosso próximo passo é colaborar para a conseguir um veículo, também via convênio estadual. O Incaper tem esse papel de colaborar para melhorar a qualidade de vida das famílias rurais para que prosperem no meio em que vivem. E por meio da assistência técnica damos este suporte de criar oportunidades de acesso às políticas voltadas à agricultura familiar”, relatou o extensionista do escritório local do Incaper, Marcelo Ladeia.
Sobre a associação, Mulheres do Vale do Batatal, Marcelo destaca que é visível a força de vontade, a organização e a dedicação do trabalho em equipe. “Acompanhamos e incentivamos a formação delas enquanto associação e a gente sabe que não é fácil manter-se firmes, diante dos entraves do dia a dia. Mas estamos aqui para somar e na torcida pelo sucesso”, desejou o extensionista.
Fonte: Assessoria
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