Argentina: Eleitores escolhem entre polos opostos no segundo turno das eleições presidenciais

Os argentinos votarão neste domingo (19) em um segundo turno para escolher o homem que liderará o país sul-americano pelos próximos quatro anos.

As pesquisas de opinião colocam os dois candidatos, o ministro da economia de esquerda, Sergio Massa, e o libertário de extrema direita, Javier Milei, lado a lado.

Massa venceu o primeiro turno com 36,7%, à frente de Milei com 30%.

Mas as pesquisas sugerem que Milei, que prometeu “explodir” o sistema político argentino, obteve ganhos desde então.

A votação começa às 08h00 locais (11h00 horário de Brasília) e termina às 18h00.

Com 40% dos argentinos vivendo na pobreza, os preços elevados e a disparada da inflação são, de longe, as principais preocupações dos eleitores.

Por isso, foi uma surpresa para muitos quando Massa, que esteve à frente do Ministério da Economia quando a taxa de inflação anual do país atingiu uns colossais 143%, derrotou Milei e ficou em segundo lugar durante a primeira volta, em 22 de Outubro.

O candidato presidencial da Argentina, Sergio Massa, chega para votar durante a eleição presidencial da Argentina, em Tigre, nos arredores de Buenos Aires, Argentina, em 22 de outubro de 2023.

Sergio Massa conseguiu a façanha de obter uma vitória no primeiro turno, apesar de fazer parte de um governo que presidiu sobre a disparada da inflação. Foto: Reuters

Mas como lhe faltavam os 45% de votos necessários para vencer, Massa agora enfrenta Milei novamente no segundo turno decisivo.

A candidata que ficou em terceiro lugar no dia 22 de Outubro, a conservadora Patrícia Bullrich, apoiou Milei, e as sondagens sugerem que a maioria dos seus eleitores apoiará o autoproclamado anarco-capitalista.

E embora a maioria das pesquisas dê a Milei uma ligeira vantagem sobre seu rival, o segundo turno de domingo parece destinado a ser um final contundente para uma campanha eleitoral amarga.

Milei

Javier Milei, 53 anos, é um economista cuja retórica anti-establishment lhe rendeu seguidores leais, especialmente entre os jovens eleitores desiludidos com a política tradicional.

O seu partido Libertário, que fundou em 2018, é visto pelos eleitores como não contaminado pelos erros do passado e grande parte do seu apelo decorre do facto de os eleitores estarem dispostos a dar uma oportunidade às suas propostas radicais, após décadas de turbulência económica.

Milei prometeu substituir a moeda local, o peso, pelo dólar americano, e disse que iria “explodir” o banco central da Argentina.

Ele também gosta de gerar controvérsias sobre questões sociais, dizendo que abolirá a educação sexual nas escolas, afrouxará as leis sobre armas e permitirá a venda e compra de órgãos humanos.

Propenso a explosões e palavrões, chegou a atacar o Papa Francisco, a quem acusou de ser comunista.

O extravagante economista, que gosta de aparecer em eventos vestindo uma jaqueta de couro e empunhando uma motosserra, tem seguidores devotos que o cercam por onde quer que vá.

Milei passou de estranho relativamente desconhecido a líder nas pesquisas em tempo recorde./Foto: EPA

Massa

Sergio Massa, 51 anos, um político experiente que liderou a Câmara dos Deputados antes de se tornar ministro da Economia no governo peronista em 2022, tem tentado convencer os eleitores de que tem experiência para tirar o país da crise económica.

Ele diz que é o homem que garantirá que os pobres da Argentina continuarão a receber pagamentos de assistência social e transportes públicos subsidiados.

Nas questões sociais ele é liberal, apoiando a recente legalização do aborto na Argentina. Ele também alertou para os perigos das alterações climáticas, em contraste com Milei, que é um cético em relação às alterações climáticas.

E embora Massa tenha tentado influenciar os eleitores indecisos, encorajando-os a votar contra Milei – a quem ele retrata como um risco – é improvável que ele consiga conquistar uma proporção considerável de argentinos que disseram aos pesquisadores da empresa CB Consultoras que eles estão tão fartos do seu partido peronista que “nunca votariam” nele.

Fonte: BBC News