Ao menos duas pessoas foram mortas e seis estão feridas após um ataque ao assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), em Tremembé (SP), na região do Vale do Paraíba, nesta s (11). O caso está sob investigação da Polícia Civil de Taubaté.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, destacou em entrevista que, apesar de o crime ser de competência estadual, o presidente Lula solicitou que a Polícia Federal acompanhe as investigações em colaboração com a polícia estadual.
Teixeira enfatizou a importância de identificar e prender os responsáveis, garantindo que os assentamentos possam operar em segurança. “É fundamental que se esclareçam as autorias e os autores sejam definitivamente presos e possam ir a julgamento”, disse o ministro. O ataque ocorreu em um assentamento que havia sido recentemente regularizado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O ministro mencionou que a violência pode estar ligada a interesses do crime organizado na região, que teria reagido à supervisão e regularização dos lotes.
“O Incra fez uma supervisão, diagnosticou que tinha um lote vazio e destinou a uma das famílias que estavam no seu cadastro. O crime, de olhos gordos nesse lote, foi lá e atirou nas lideranças do assentamento do MST. Assim, tirou a vida de três liderança. Uma delas eu conhecia, tenho até foto com ele”, declarou Teixeira. “A supervisão [do Incra] garantiu a posse de todos os lotes. Em razão dessas conquista, houve uma reação do crime organizado.”
Além de abordar os ataques, Teixeira discutiu a relação do governo com o MST e os planos para a reforma agrária em 2025. Após anos de paralisação, o governo Lula reativou o Ministério do Desenvolvimento Agrário e, segundo o ministro, está promovendo novos concursos e programas para fortalecer o Incra. Ele destacou que, a partir de janeiro, haverá um forte impulso na criação de novos assentamentos, com terras já adquiridas e programas prontos para serem lançados, dependendo apenas da recuperação do presidente Lula para viagens.
Prisão
A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na tarde deste sábado (11), o homem suspeito de ter chefiado o ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo.
O homem, conhecido como “Nero do Piseiro”, já tinha passagem por porte ilegal de arma de fogo e confessou o crime. O acusado participou da ação e foi reconhecido pelas vítimas e é apontado como responsável intelectual do ataque.
Em coletiva, o delegado Daniel Lourenco Von Gal, delegado da Seccional de Polícia Civil de Taubaté, disse que uma mulher ferida está em estado grave de saúde.
A investigação indica que a motivação do crime seria um desentendimento sobre o comércio irregular de terreno dentro da área de assentamento Olga Benário.
Na noite do crime, um outro homem foi abordado no local e autuado em flagrante por porte ilegal da arma. De acordo com a polícia, ele teria ido socorrer às vítimas após o grupo sair da propriedade.
Foram apreendidas armas brancas e munições de calibres diversos, incluindo escopetas. No local, foram apreendidos:
- 1 rastelo
- 1 enxada
- 1 picareta
- 4 facas
- 5 estojos calibre 12
- 17 estojos aparentando 9 mm
Testemunhas disseram que foram ameaçados por uma pessoa chamado de Ítalo — esse é o segundo identificado pela política por atuar no ataque. Em depoimento, Nero do Piseiro contou a polícia onde moram outras pessoas envolvidas no crime. De acordo com o MST, 10 criminosos entraram no assentamento.
O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido no plantão da Delegacia Seccional de Taubaté. A investigação está sendo realizada pela Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Taubaté.
Fonte: Jovem Pan News/CNN Brasil
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