Quando o operador de esteira Arrison Moreira Júnior, de 34 anos, cumpriu com sua obrigação profissional e barrou duas bagagens suspeitas, no Aeroporto Internacional de Sã Paulo, em Guarulhos, ele assinou sua sentença de morte.
Dentro das malas, entregues pelo aeroportuário à Polícia Federal (PF), em 9 de janeiro de 2020, havia 60 quilos de cocaína, que seriam remetidos para a Europa. Lá, poderiam render até R$ 30 milhões ao Primeiro Comando da Capital (PCC), responsável pelo esquema de tráfico de drogas.
A facção chega a pagar o equivalente a um ano de salário por bagagem para funcionários que contribuem com os despachos ilegais.
O operador trabalhava na esteira de embarque do Terminal 2, de voos nacionais (domésticos), quando avistou duas malas com destino a Porto Alegre (RS), mas com etiquetas de um voo internacional, segundo denúncia do Ministério Público de São Paulo,
Arrison continuou se negando a entregar o par de malas. Câmeras de monitoramento registraram Márcio tentando arrancar as bagagens à força das mãos da vítima, sem sucesso. A PF foi acionada em seguida por Arisson e, dentro das malas, foi encontrada a carga milionária de cocaína.
Ameaça e morte
Dois dias após a apreensão da droga, de acordo com o MP/SP, Márcio teria abordado Arisson em um ponto de ônibus e lhe afirmado: “Você, eu já passei para os caras”, referindo-se ao fato de ter relatado ao PCC sobre a apreensão das malas, por causa ação da vítima.
Arisson voltava para casa, em seu carro, quando foi interceptado, no bairro São João, em Guarulhos, por um Ford Ranger, ocupado por três criminosos. O aeroportuário foi fuzilado e morreu ainda no local.
Os assassinos abandonaram o carro, com placas adulteradas, alguns quarteirões adiante. Foi constatado que o veículo, do Rio de Janeiro, fora roubado.
Única prisão
O Setor de Homicídios e de Proteção à Pessoa (SHPP) de Guarulhos investigou o caso e, em 15 dias, prendeu Márcio.
“Pelo modo que a execução ocorreu, podemos observar que foi feito por membros de uma organização criminosa, envolvida com o tráfico de drogas, e por causa de dinheiro”, explicou, na quinta-feira (20/4), o delegado Wagner Terribili, titular do SHPP.
Márcio foi condenado, em setembro do ano passado, a 33 anos, 2 meses e 12 dias de prisão, em regime fechado, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Fonte: Metrópoles
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