O preço do ovo disparou no Brasil e a alta também atingiu o Espírito Santo, que está entre os cinco maior produtores de ovos de galinha no país. Em um mês, uma caixa com 30 ovos na Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa) passou de R$ 136 para R$ 249, ou seja, o produto quase dobrou de valor. No supermercado, o pente com 30 unidades chega a custar R$ 25.
O aumento segue uma tendência nacional que atinge valores de crescimento histórico no Brasil, tanto para o produtor quanto para o consumidor final.
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) avaliou, nesta terça-feira (18), que o mercado de ovos, cujos preços dispararam recentemente, “deverá se normalizar até o final do período da quaresma, com o restabelecimento dos patamares de consumo das diversas proteínas”.
Especialistas destacam que entre os principais motivos para a elevação estão a baixa oferta de ovos no mercado interno, especialmente devido à produção menor no calor, e o aumento da demanda.
A subida de preço começou na segunda quinzena de janeiro segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.
De acordo com levantamento do mesmo órgão, Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo, aparece como segunda região com maior índice de aumento no ovo branco e em primeiro lugar com os ovos vermelhos.
A escalada dos preços também é sentida nos supermercados. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), desde o mesmo período, a combinação de alta demanda e oferta restrita tem levado a reajustes que, nesta semana, já chegam a 40% em diversas regiões do país.
Sobre a subida de preço a nível estadual, o diretor executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (Aves), Nélio Hand, reforçou alguns motivos para o alto custo. São eles:
- Aumento do valor de outras proteínas, como a carne;
- Não existência de grande aumento de exportações brasileiras dos ovos;
- No verão as galinhas produzem menos;
- Proximidade da quaresma (Páscoa).
Além do Brasil, os Estados Unidos também enfrentam aumento no preço do ovo. Mas, diferentemente do país, nos EUA a elevação é puxada principalmente pelos casos de gripe aviária.
Cenário estadual
No início de 2025, o preço da caixa com 30 ovos começou a ser vendida por R$ 149 na Ceasa. Mas a partir da segunda quinzena de janeiro é possível perceber a subida no valor. No mês passado, o valor fechou a R$ 171.
Já nas duas primeiras quinzenas de fevereiro, o aumento continuou, chegando até R$ 248 a caixa.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, a cidade de Santa Maria de Jetibá não só lidera o nível de produção de ovos, principalmente dos vermelhos, mas também tem o maior preço médio da proteína em todo o país.
A caixa com 30 dúzias de ovos brancos, o equivalente a 360 unidades, sai a R$ 233,55 a partir de dados da sexta-feira (14). Isso significa R$ 7,78 a dúzia para o produtor.
Em comparação com outros estados produtores, o valor do ovo branco em Santa Maria de Jetibá é menor apenas do que a Região da Grande BH, em que o preço da caixa sai por R$ 252,33.
Já a de ovos vermelhos, sai por R$ 264,21, maior preço do país, o que representa R$ 8,80 a dúzia no produtor.
O peso no bolso do consumidor vem da junção de vários fatores apontados por Hand e que, juntos, exatamente nesse período do ano, trouxeram grandes elevações.
“Não tem um motivo específico, e sim fatores que podem estar contribuindo. Uma delas é a valorização das proteínas, principalmente a carne bovina. Quando isso acontece, a tendência do consumidor é migrar para outras proteínas, e o ovo acaba sendo afetado positivamente nesse aspecto. Outra questão que nós podemos mencionar é o consumo de ovos por habitante que vem aumentando nos últimos anos. Em 2023, eram 242 unidades por habitante no ano. Em 2024, passou para 269 e tem uma tendência de crescimento, mostrando que o brasileiro vem tendendo a preferir o ovo”, destacou o diretor executivo.
Além disso, Hand pontuou outros pontos relacionados à produtividade da galinha e à economia do país.
“O Brasil exporta um volume de ovos que não é tão significativo, menos de 1% da produção nacional de ovos vai para outros países. E aqui no estado, se a gente fizer um comparativo de 2020 até 2025, o estado vem produzindo um pouco menos, porque nós estamos vindo aí de uma recuperação da produção em função dos altos custos. Juntamos isso com o verão, em que a galinha passa a produzir um pouquinho menos, e também por estarmos próximos a entrar no período da quaresma, que se consome bastante ovo. Tudo isso pode favorecer e fazer com que o mercado continue aquecido”, disse.
Fonte: g1 e TV Gazeta/Viviane Lopes e Viviane Maciel
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