Uma equipe de astronautas internacionais, programada para partir em missão à Estação Espacial Internacional, assumirá o comando de Butch Wilmore e Suni Williams, da Nasa, permitindo que eles retornem para casa após uma jornada inesperadamente prolongada e politicamente conturbada. No entanto, a tripulação terá que esperar um pouco mais.
A Crew-10 estava programada para ser lançada nesta quarta-feira (12) e render cientistas da Starliner que estão há meses na ISS.
O voo Crew-10, parte da rotação rotineira de equipes da ISS, é operado conjuntamente pela Nasa e pela SpaceX. A decolagem estava prevista para a noite desta quarta-feira (12), no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, mas a empresa cancelou a tentativa de lançamento devido a um problema no sistema terrestre da plataforma de lançamento.
O problema surgiu em um sistema hidráulico usado para controlar um dos dois suportes que mantêm a parte superior do foguete presa à plataforma antes da decolagem.
“Este é um problema no solo. Tudo estava bem com o foguete e a espaçonave”, disse o porta-voz da Nasa, Darrol Nail, durante a transmissão ao vivo.
A SpaceX informou mais cedo, nesta quarta-feira, que poderá realizar uma nova tentativa de lançamento da missão Crew-10 já na quinta-feira (13), às 20h26 (horário de Brasília).
Quando a missão for lançada, uma cápsula Dragon da SpaceX, acoplada a um foguete Falcon 9 da empresa, levará os quatro astronautas da Crew-10 à órbita: Nichole Ayers e Anne McClain, da Nasa, Takuya Onishi, da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), e o cosmonauta Kirill Peskov, da Roscosmos.
Uma vez na estação espacial, eles passarão alguns dias se adaptando ao laboratório orbital durante um período de transição com os astronautas da Crew-9, equipe que inclui Williams e Wilmore, além de Nick Hague, da Nasa, e Aleksandr Gorbunov, da Roscosmos.
Os cientistas da Starliner e o restante da Crew-9 retornarão à Terra assim que esse período de transição for concluído. A equipe Crew-9 estava programada para desacoplar da estação em 16 de março, caso a tentativa de lançamento de quarta-feira tivesse sido bem-sucedida. Ainda não está claro quanto essa partida poderá ser adiada após o cancelamento do lançamento pela SpaceX.
Os astronautas da Nasa estão em órbita desde junho do ano passado, quando pilotaram o voo inaugural tripulado da cápsula Starliner, da Boeing.
Eles esperavam permanecer no espaço por cerca de uma semana, mas diversos problemas detectados durante a viagem à ISS, incluindo vazamentos de hélio e falhas no sistema de propulsão, levaram a Nasa a considerar a Starliner muito arriscada para trazer os astronautas de volta a bordo.
Enquanto as missões Crew-9 e Crew-10 fazem parte das operações de rotina da Nasa e da SpaceX para manter a Estação Espacial Internacional totalmente equipada, elas se tornaram o centro de uma polêmica pública envolvendo declarações do ex-presidente Donald Trump e de Elon Musk — CEO da SpaceX e agora um dos principais conselheiros presidenciais — sobre o governo do ex-presidente Joe Biden.
Embora a Nasa tenha anunciado em agosto — antes das eleições de 2024 e da posse de Trump — que planejava trazer Williams e Wilmore de volta à Terra em uma espaçonave da SpaceX, Musk afirmou repetidamente este ano que o governo anterior de Trump rejeitou uma oferta da SpaceX para trazer os astronautas para casa mais cedo por “razões políticas”.
Musk não especificou exatamente o que pode ter sido proposto ou para quem.
Uma estadia prolongada no espaço
Os astronautas Butch Wilmore (esq.) e Suni Williams, que fizeram o primeiro voo da Starliner e agora estão presos no espaço. Foto: Divulgação/Nasa
Um ex-funcionário sênior da Nasa disse que a SpaceX nunca comunicou tal proposta à liderança da agência — e que a Nasa provavelmente não teria considerado a ideia, independentemente da oferta.
Se Musk fez essa proposta a alguém fora da liderança da Nasa, a fonte destacou: “Tenho certeza de que responderiam dizendo: ‘Bem, isso nos custaria vários milhões de dólares extras, que não temos, para uma nova cápsula Dragon e um foguete Falcon 9’.”
Em uma coletiva de imprensa em agosto de 2024, Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial da NASA, afirmou que a agência espacial “nunca considerou essa opção”, referindo-se à ideia de lançar uma missão separada da SpaceX para resgatar Williams e Wilmore, em vez de retorná-los à Terra em um voo rotineiro previamente programado.
“Simplesmente não fazia sentido acelerar um voo da SpaceX para trazer Butch e Suni de volta mais cedo”, disse Stich.
Ainda assim, Musk afirmou em entrevistas e postagens em redes sociais que fez a oferta e que foi rejeitado pela Casa Branca de Biden — embora não esteja claro por que ele não teria levado a proposta aos organizadores da missão na Nasa.
Um ex-funcionário da Casa Branca não respondeu a pedidos de comentário.
Quando a Nasa anunciou em agosto de 2024 que a Starliner retornaria vazia à Terra, Williams e Wilmore foram reassociados a uma missão da SpaceX. Isso significava que a dupla se juntaria oficialmente à tripulação da ISS e à Crew-9, que foi lançada em setembro com dois assentos vazios reservados para eles.
Embora a Crew-9 estivesse originalmente programada para retornar em fevereiro, a Nasa anunciou em dezembro que a missão seria adiada para o final de março devido a problemas com uma nova cápsula Crew Dragon que a SpaceX estava preparando para os astronautas da Crew-10.
No mês passado, a agência espacial anunciou que a SpaceX anteciparia a data de lançamento da Crew-10 em algumas semanas ao optar por usar uma cápsula Crew Dragon reutilizada para a missão.
A Nasa manteve sua posição de que era essencial lançar a Crew-10 para a ISS e permitir um período de transição antes do retorno de Williams, Wilmore e o restante da Crew-9 à Terra.
Fonte: CNN News/Jackie Wattles
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