As enchentes repentinas mais mortais da história moderna da Espanha mataram pelo menos 214 pessoas e dezenas ainda estão desaparecidas, quatro dias depois de chuvas torrenciais terem varrido a região leste de Valência, disse o primeiro-ministro Pedro Sanchez no sábado (2).
Em uma declaração televisionada, Sanchez disse que o governo estava enviando mais 5 mil soldados do exército para ajudar nas buscas e na limpeza, além dos 2.5 mil soldados já destacados.
“É a maior operação das Forças Armadas na Espanha em tempos de paz”, disse Sanchez. “O governo vai mobilizar todos os recursos necessários enquanto forem necessários.”
As autoridades regionais valencianas disseram na noite de sábado que o número total de mortes na região era de 211, mais duas em Castilla La Mancha e uma na Andaluzia.
A tragédia já é o pior desastre relacionado a enchentes na Europa desde 1967, quando pelo menos 500 pessoas morreram em Portugal.
As esperanças de encontrar sobreviventes aumentaram quando os socorristas encontraram uma mulher viva após três dias presa em um estacionamento em Montcada, Valência. Os moradores explodiram em aplausos quando o chefe da proteção civil, Martin Perez, anunciou a notícia.
Voluntários se aglomeraram no centro da Cidade das Artes e Ciências de Valência, no sábado (2), para a primeira limpeza coordenada organizada pelas autoridades regionais. O local foi transformado no centro nervoso da operação.
No subúrbio de Picanya, em Valência, a dona de uma loja, Emilia, 74, disse no sábado: “Nós nos sentimos abandonados, há muitas pessoas que precisam de ajuda. Não é só a minha casa, são todas as casas e estamos jogando móveis fora, estamos jogando tudo fora.
“Quando é que vai chegar a ajuda para termos geladeiras e máquinas de lavar? Porque não conseguimos nem lavar nossas roupas e nem tomar banho”.
A enfermeira Maria Jose Gilabert, 52, que também mora em Picanya, disse: “Estamos arrasados porque não há muita luz para ver aqui no momento, não porque eles não estejam vindo para ajudar, eles estão vindo de toda a Espanha, mas porque vai demorar muito até que esta área se torne habitável novamente”.
A tempestade desencadeou um novo alerta meteorológico nas Ilhas Baleares, Catalunha e Valência, onde as chuvas devem continuar durante o fim de semana.
Cientistas dizem que eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes na Europa e em outros lugares, devido às mudanças climáticas. Meteorologistas acham que o aquecimento do Mediterrâneo, que aumenta a evaporação da água, desempenha um papel fundamental em tornar as chuvas torrenciais mais severas.
Fonte: Agência Reuters/Graham Keeley; Andrey Khalip, Antony Paone e Manuel Ausloos
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