O presidente Donald Trump aumentou substancialmente as tarifas sobre importações de aço e alumínio nesta segunda-feira (10) para 25%, “sem exceções ou isenções”, em uma medida para ajudar as indústrias em dificuldades, mas que aumenta o risco de uma guerra comercial multifacetada.
Ele também afirmou que tarifas recíprocas devem ser anunciadas nos próximos dias.
Trump assinou proclamações aumentando a taxa tarifária dos EUA sobre o alumínio para 25% de sua taxa anterior de 10% e eliminando exceções de país e acordos de cota, bem como centenas de milhares de exclusões tarifárias específicas de produtos para ambos os metais. Um funcionário da Casa Branca confirmou que as medidas entrariam em vigor em 4 de março.
As tarifas serão aplicadas a milhões de toneladas de importações de aço e alumínio do Canadá, Brasil, México, Coreia do Sul e outros países que estavam entrando nos EUA sem impostos devidos pelas exceções.
A medida simplificará as tarifas sobre os metais “para que todos possam entender exatamente o que isso significa”, disse Trump aos repórteres. “São 25%, sem exceções ou isenções. Isso é para todos os países, não importa de onde venha, todos os países”.
Impactos no Brasil
O Brasil deve ser impacto pelas medidas dos EUA. O país é o segundo maior fornecedor de aço e ferro aos norte-americanos e nunca teve uma participação tão grande no mercado.
Em 2024, americanos compraram US$ 4,677 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) em produtos brasileiros do conjunto de “Aço e Ferro”.
Em 2024, o Brasil foi o vendedor de 14,9% de todo o grupo que inclui aço e ferro como matéria-prima. Nunca o Brasil teve uma participação tão grande naquele mercado.
No chamado “código 72” do sistema harmonizado de mercadorias estão os produtos semimanufaturados de ferro ou aço, além do ferro fundido bruto. Esses itens respondem por boa parte das exportações siderúrgicas aos EUA.
O Brasil ficou atrás apenas do Canadá, que respondeu por 24,2% daquele mercado. Depois do Brasil, estão México (10,1%), Coreia do Sul (5,9%) e Alemanha (4,6%).
O Brasil é relevante para os EUA como fornecedor de aço e ferro – com cerca de um quinto do mercado, mas os americanos são ainda mais importantes para os brasileiros.
Dados do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, mostram que os EUA foram destino de 47,9% das exportações do grupo de aço e ferro em 2024. Nenhum outro cliente é tão essencial para as siderúrgicas brasileiras como os americanos.
O segundo maior comprador do Brasil é a China, mas a fatia é bem menor: 10,7% dos embarques de aço e ferro.
À espera de definições
Até o momento, o governo brasileiro não se manifestou oficialmente sobre a decisão dos EUA.
Mais cedo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que iria aguardar a definição dos norte-americanos.
“Vamos aguardar ainda essa questão da taxação. Da outra vez que isso foi feito, teve cotas, então vamos aguardar. Nossa disposição é sempre a de colaboração, parceria em benefício das nossas populações”, disse Alckmin a jornalistas após visita à fábrica da Bionovis, em Valinhos (SP).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também seguiu no mesmo sentido e evitou falar sobre a decisão.
“O governo tomou a decisão de só se manifestar, oportunamente, com base em decisões concretas e não em anúncios que podem ser mal interpretados. O governo vai aguardar a decisão oficialmente, antes de qualquer manifestação”, disse Haddad a jornalistas.
Retaliação
Questionado sobre ameaças de retaliação de outros países contra suas novas tarifas, Trump disse: “Não me importo”.
O conselheiro comercial de Trump, Peter Navarro, disse que as últimas medidas reforçariam a segurança nacional ao fortalecer os produtores nacionais de aço e alumínio.
“As tarifas de aço e alumínio 2.0 acabarão com o dumping estrangeiro, impulsionarão a produção nacional e garantirão que nossas indústrias de aço e alumínio sejam a espinha dorsal e o pilar da segurança econômica e nacional dos Estados Unidos”, disse ele aos repórteres.
Fonte: Agência Reuters/CNN News
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