O furacão Beryl atingiu a Jamaica com fortes ventos e chuva na quarta-feira (3), matando pelo menos uma pessoa após abrir um caminho destrutivo e encharcado por pequenas ilhas do Caribe nos últimos dias.
O número de mortos pelo poderoso furacão de categoria 4 subiu para pelo menos 10, mas a expectativa é que aumente ainda mais à medida que as comunicações forem restabelecidas nas ilhas encharcadas, danificadas por enchentes e ventos mortais.
Na Jamaica, a parede ocular do Beryl contornou a costa sul da ilha, atingindo comunidades enquanto grupos de emergência corriam para evacuar pessoas de áreas propensas a inundações.
“É terrível. Tudo se foi. Estou em casa e assustado”, disse Amoy Wellington, um caixa de 51 anos que mora em Top Hill, uma comunidade agrícola rural na paróquia de St. Elizabeth, no sul da Jamaica. “É um desastre”.
Uma mulher morreu na paróquia de Hanover, na Jamaica, depois que uma árvore caiu sobre sua casa, disse Richard Thompson, diretor geral interino da agência de desastres da Jamaica, em uma entrevista ao noticiário local.
Quase mil jamaicanos estavam em abrigos na noite de quarta-feira, acrescentou Thompson.
Os principais aeroportos da ilha foram fechados e as ruas ficaram praticamente vazias depois que o primeiro-ministro Andrew Holness decretou um toque de recolher nacional na quarta-feira.
“Podemos fazer tudo o que pudermos, conforme for humanamente possível, e deixamos o resto nas mãos de Deus”, disse Holness, pedindo aos moradores de áreas vulneráveis que evacuem.
A perda de vidas e os danos causados pelo Beryl ressaltam as consequências de um Oceano Atlântico mais quente, que os cientistas citam como um sinal revelador de mudanças climáticas causadas pelo homem, alimentando condições climáticas extremas diferentes das experiências passadas.
Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, uma das áreas mais afetadas no leste do Caribe, disse em uma entrevista de rádio que a Ilha Union do país foi “arrasada” pelo Beryl.
“Todo mundo está desabrigado… Será um esforço hercúleo reconstruir.”
Em declarações à mídia estatal, Nerissa Gittens-McMillan, secretária permanente do Ministério da Agricultura de São Vicente e Granadinas, alertou sobre uma possível escassez de alimentos depois que 50% das plantações de banana e banana do país foram perdidas, com perdas significativas também em tubérculos e vegetais.
Cortes de energia foram generalizados em toda a Jamaica, enquanto algumas estradas perto da costa foram destruídas.
Na noite de quarta-feira, o olho do furacão em espiral estava localizado cerca de 161 km a oeste de Kingston, de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC), enquanto o núcleo da tempestade se dirigia para as Ilhas Cayman, onde condições de furacão eram esperadas para o fim da noite.
Beryl está com ventos máximos sustentados de 209 km/h.
A força dos ventos deve diminuir um pouco nos próximos dias, de acordo com o NHC, embora tenha alertado que Beryl permaneceria com força de furacão ou próximo dela ao passar pelas Ilhas Cayman.
Espera-se que Beryl despeje de 10 a 15 cm de chuva nas Ilhas Cayman durante a noite e na quinta-feira (4). Grandes ondas devem “causar condições de ondas e correntes de retorno com risco de vida”, disse o NHC.
O centro acrescentou que um alerta de furacão estava em vigor para a Jamaica, as Ilhas Cayman, bem como a costa leste da península de Yucatán, no México, incluindo o principal resort de praia do país, Cancún.
‘Parecido com o Armagedom’
Outras fatalidades confirmadas até agora incluem pelo menos três em São Vicente e Granadinas, disse uma autoridade sênior, onde Union Island sofreu destruição severa de mais de 90% dos edifícios.
Em Granada, o primeiro-ministro Dickon Mitchell descreveu condições “semelhantes ao Armagedom”, com falta de energia e destruição generalizada, além de confirmar três mortes.
Na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro disse à televisão estatal que três pessoas morreram e quatro estão desaparecidas na área, além de mais de 8 mil casas danificadas pelas chuvas torrenciais, incluindo pelo menos 400 destruídas.
A vice-presidente venezuelana Delcy Rodriguez ficou ferida pela queda de uma árvore na terça-feira(2) enquanto inspecionava uma área ao sul de Beryl, onde chuvas intensas fizeram com que o Rio Manzanares, no estado de Sucre, transbordasse.
O furacão excepcionalmente precoce fortaleceu-se a um ritmo recorde, o que os cientistas argumentam ser quase certamente alimentado pelas alterações climáticas.
Beryl é o primeiro furacão da temporada do Atlântico de 2024 e a primeira tempestade registrada a atingir a categoria mais alta na escala de cinco estágios de Saffir-Simpson. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) previu um grande número de grandes furacões em uma temporada “extraordinária” este ano.
Além do impacto de curto prazo na Jamaica e no Haiti, o NHC alertou que Beryl provavelmente chegará à Península de Yucatán, no México, como furacão, já na noite de quinta-feira (4).
Na vila de pescadores de Punta Allen, no estado de Quintana Roo, os moradores moveram os barcos para o interior por segurança, enquanto oficiais da marinha imploraram aos moradores relutantes que evacuassem.
No centro turístico de Cancun, uma agência ambiental trabalhou para coletar ovos de ninhos de tartarugas marinhas para sua proteção. Os turistas aproveitaram os raios de sol enquanto ainda podiam.
Enquanto isso, os trabalhadores encheram sacos com areia e fecharam portas e janelas de empresas para proteção. Autoridades disseram que os suprimentos de tábuas de madeira estavam diminuindo enquanto moradores de Cancún e turistas se preparavam para a chegada de Beryl.
Laura Velazquez, chefe da agência de proteção civil do México, encorajou os turistas em Cancún e na vizinha Tulum a se abrigarem nos porões dos hotéis quando o furacão se aproximar, em comentários à emissora local Milenio.
Fonte: Agência Reuters/Zahra Burton
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