Arbel Ashkenazy participou do festival Supernova, na noite de sexta-feira (6), uma rave no deserto que coincidiu com o início do feriado judaico de uma semana de Sucot, que celebra a colheita do outono e comemora a história do Antigo Testamento sobre o povo judeu vagando no deserto por 40 anos. depois de escapar da escravidão no Egito. O festival apresentou música psy trance brasileira e focou no amor livre, no espírito e na preservação ambiental.
Mas nas primeiras horas da manhã de sábado (7), militantes do Hamas saltaram de parapente para o festival ao ar livre e começaram a disparar indiscriminadamente contra os participantes da festa. Ao mesmo tempo, o Hamas também lançou milhares de foguetes de Gaza para Israel e enviou combatentes para outras cidades fronteiriças no sul do país.
O Hamas diz que já fez mais de 100 reféns israelenses até agora. Mais de 700 centenas de israelenses foram mortos, com o número de mortos subindo para mais de 1.2 mil em ambos os lados, na segunda-feira (9).
O festival Supernova teve uma das maiores concentrações de vítimas. Mais de 260 corpos foram encontrados no festival até agora.
Relato de Arbel
“Chegamos na festa na sexta à noite, e por volta das 6 da manhã de sábado pararam a música e as sirenes começaram a tocar. Ouvimos em grande número o som de foguetes sobre nossas cabeças. Durante esse tempo não estávamos tão estressados, apenas ficamos parados na festa e deitamos no chão. Lentamente, lentamente, começamos a ver muitas pessoas saindo e indo para seus carros, apesar do fato de que deveríamos ficar.
Durante esse tempo, comecei a procurar minha amiga Eden. Apesar de não termos chegado juntos à festa, ela é minha melhor amiga, então comecei imediatamente a procurá-la. Eu e meu amigo a encontramos e saímos e começamos a seguir na direção dos carros por volta das 7h da manhã.
Começamos a sair da festa e entrar nos veículos, mas como todos estavam saindo ao mesmo tempo – havia 3 mil pessoas na festa – havia um trânsito absurdo na rua. Acabamos virando à esquerda e imediatamente vimos todos esses carros com os vidros quebrados pelos tiros. Ouvimos muitas pessoas gritando que precisavam de uma ambulância. Não sabíamos o que fazer, então ficamos em nossos veículos.
Naquela hora, já havia perdido contato com minha amiga Eden, pois ela estava em um carro diferente e se escondeu lá quando os tiros começaram. Então ouvimos alguém gritando “saiam dos carros”, então saímos dos carros e começamos a correr. Havia uma área com campo vazio por se tratar de uma festa na natureza. Estava muito vazio, sem árvores nem nada e começamos a correr em direção a ele. Ao mesmo tempo, também começamos a ouvir tiros vindos de todas as direções e vozes gritando Allahu Akbar. Enquanto corríamos naquele campo aberto, pudemos ver ao longe alguns membros do Hamas. Eles estavam todos vestidos de preto com máscaras pretas e tinham armas enormes.
Por algum tempo, nos escondemos nesses arbustos antes de começarmos a correr mais para o leste. Mas quando começámos a correr para leste, vimos outras pessoas do grupo a correr na nossa direção e disseram-nos, corram para o outro lado porque há terroristas deste lado. Eles tinham acabado de circular ao nosso redor em todas as direções. Continuamos correndo quando de repente vi uma pessoa – um anjo – que tinha uma grande van branca. Ele colocou um monte de gente na van e eu e meu amigo subimos na van.
Milagre
“Foi um milagre que, embora ele estivesse dirigindo neste campo aberto e houvesse tiros por todo lado, conseguimos chegar a uma delegacia de polícia na cidade de Netivot por volta das 10h30. Ficamos lá até a noite. até que as coisas se acalmaram, se é que se pode dizer “se acalmou”, porque não se acalmou de verdade. Na nossa área, eles capturaram alguns dos perpetradores.
Ouvi dizer que minha amiga Eden, que se escondeu no carro durante os tiros, ficou ao telefone o tempo todo com a mãe durante quatro horas seguidas. Em algum momento ela também conseguiu chegar aos arbustos, mas de repente, quatro horas depois do telefonema, eles a ouviram dizer ao telefone: “eles me pegaram”. Você pode ouvir por um momento na gravação as vozes do povo do Hamas e então o telefone é desconectado. Estamos procurando por ela, mas não tivemos notícias dela desde então.
O mais difícil é ver todos os corpos de crianças da nossa idade com sangue espalhados no chão. Estávamos em um ambiente de puro caos. Fui salvo por um milagre e fiquei em paz, mas muitos dos meus amigos, incluindo o meu melhor amigo Eden, ainda estão lá e só quero que todos regressem em segurança e em paz. Eu só quero que essa história horrível acabe porque não parece real. Não é normal, em nenhum país, em qualquer lugar, ninguém deveria passar por algo assim. Não fazia sentido. Corremos como loucos no meio de um campo aberto enquanto eles atiravam em nós, não havia para onde correr, não havia lugar para se esconder. Estou grato por estar vivo, mas só quero a Eden de volta”, contou Arbel.
Fonte: Time
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