A cidade de Iconha receberá a exposição “Do Passado ao Horizonte: 150 Anos de Travessias” no recém reformado Espaço Cultural Zoe Rodrigues Missagia. A abertura da exposição e a inauguração do espaço ocorrerão no dia 11 de novembro, às 19h.
Com 90 anos de história, o Espaço Cultural conta com salas de música, biblioteca, museu e espaço de artes, oferecendo um ambiente rico para a cultura e a memória da comunidade. Durante os próximos 30 dias, esse espaço acolherá a exposição, celebrando a trajetória e a herança da imigração italiana.
A exposição conta com a parceria do Arquivo Público Estadual, o patrocínio do Grupo Águia Branca e é realizada pela Associação Federativa Comunità Italiana do Espírito Santo, com recursos da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), Secretaria da Cultura e Governo do Espírito Santo.
A imigração Italiana no Espírito Santo
Em 17 de fevereiro de 1874, chegava ao porto de Vitória o navio “La Sofia”, conduzindo 388 imigrantes italianos. Eles foram contratados por Pietro Tabacchi, que possuía a fazenda “Monte das Palmas”, em Santa Cruz. O empreendimento, porém, não prosperou, provocando descontentamentos e revoltas. Um grupo seguiu para colônias oficiais da Região Sul enquanto outros aceitaram a proposta do Governo do Espírito Santo para se instalarem na “Colônia Imperial de Santa Leopoldina”, sendo direcionados ao Núcleo de Timbuhy, no atual município de Santa Teresa.
No acervo do APEES, existem centenas de documentos que testemunham esse importante fato histórico. Dentre eles, está um ofício que mostra a existência de imigrantes na localidade em outubro de 1874. Trata-se de um pedido de ressarcimento feito pelo colono Francesco Merlo, encaminhado no dia 28 de outubro de 1874 ao Presidente da Província. Francesco solicita do governo a restituição dos gastos que teve com a passagem da Itália à Colônia de Nova Trento, no valor de 122 Fiorins, pelo fato de não ter sido reembolsado pelo contratante. Com base neste documento foi publicada a Lei nº 13.617, que reconhece oficialmente a cidade de Santa Teresa como a pioneira da imigração italiana no Brasil.
A primeira expedição de italianos para o Espírito Santo foi batizada com o sobrenome do seu idealizador. De acordo com o sociólogo Renzo M. Grosselli, no livro “Colônias Imperiais na Terra do Café”, da Coleção Canaã do APEES, Tabacchi era um italiano oriundo de Trento que já se encontrava na província desde o início da década de 1850. Ao observar o interesse do país pela mão de obra europeia, ele decidiu oferecer terras para os imigrantes em troca do direito de derrubar 3,5 mil jacarandás para exportação.
Após um longo período de negociação, o Ministério da Agricultura autorizou o contrato com Tabacchi, que por sua vez enviou emissários ao Trentino (Tirol Italiano), à época sob o domínio austríaco, para capitanear famílias. Assim, no dia 3 de janeiro, às 15 horas, partia do porto de Gênova a embarcação “La Sofia”. Em 01 de março, começou a viagem até o porto de Santa Cruz, em direção à propriedade de Tabacchi. Foi a primeira expedição em massa de camponeses da Itália para o Espírito Santo e daria início à epopeia emigratória dos italianos. Porém, os colonos logo perceberam que foram enganados por falsas promessas. Não existiam as terras preparadas e a situação nos alojamentos era caótica.
A Expedição Tabacchi inaugura um movimento migratório. Desta vez, o foco dos agenciadores se concentra na península itálica, especialmente nas regiões norte-nordeste, de onde partiram aos milhares para diversos países do mundo e, em um número considerável, para o Brasil. A Itália recém unificada era um país desconexo, com altas taxas demográficas e uma grande massa de desempregados. Sem alternativas, muitos viajaram para realizar o “sonho da América”. Em 1875 as partidas dos transatlânticos de Gênova e de outros portos da Europa se tornaram rotinas.
Fonte: Assessorias PMI/Secult-ES
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