A China tem a “diplomacia panda”, a Austrália exibe coalas em cúpulas globais. Agora a Malásia planeja se juntar à tendência da Ásia-Pacífico para embaixadores adoráveis, dando orangotangos de presente aos países que compram seu óleo de palma.
Porém, a ideia tem sido alvo de fortes críticas de conservacionistas, que observam que o óleo de palma é um dos maiores fatores por trás do declínio dos grandes primatas. Segundo um renomado professor de conservação, o plano é “obsceno”.
O óleo de palma, produto vegetal mais consumido do mundo, é usando em tudo: de xampu e sabonetes a sorvete. A limpeza de terrenos para plantações de óleo de palma tem sido uma das principais causas do desmatamento, a maior ameaça à sobrevivência dos orangotangos criticamente ameaçados.
A Malásia é o segundo maior exportador mundial de óleo de palma depois da Indonésia.
A produção é vital para a economia e, nos últimos anos, funcionários do governo têm se esforçado para defender e reformular a indústria, introduzindo iniciativas para apoiar a sustentabilidade – como a melhoria das práticas agrícolas e a emissão de certificados verdes endossados pelo governo para empresas que atendem aos padrões de sustentabilidade.
Em uma cúpula de biodiversidade fora da capital Kuala Lumpur na quarta-feira (8), o ministro de plantações e commodities da Malásia anunciou planos para a “diplomacia do orangotango.”
Na esperança de reproduzir a diplomacia do panda chinês, na qual Pequim exerce poder de influência ao emprestar seu amado animal nacional a zoológicos no exterior, o governo da Malásia espera presentear com orangotangos alguns de seus maiores parceiros comerciais, disse ele.
Tais parceiros “estão cada vez mais preocupados com o impacto das commodities agrícolas no clima”, disse o ministro Johari Abdul Ghani. “É uma estratégia diplomática que seria vantajosa para os parceiros comerciais e as relações exteriores, especialmente nos principais países importadores como a União Europeia, a Índia e a China.”
Ghani não forneceu mais detalhes, como uma linha do tempo ou como os animais seriam adquiridos – mas incentivou os gigantes do óleo de palma a “colaborar” com grupos ambientais locais no cuidado dos macacos gigantes ameaçados.
“Isso será uma manifestação de como a Malásia conserva espécies selvagens e mantém a sustentabilidade de nossas florestas, especialmente na indústria de plantações de óleo de palma”, disse ele.
O anúncio gerou uma rápida reação dos conservacionistas. “É obsceno, repugnante e extremamente hipócrita destruir florestas tropicais onde os orangotangos vivem, levá-los embora para obter favores de outras nações”, disse Stuart Pimm, presidente de ecologia da conservação na Universidade Duke. “Isso vai totalmente contra como deveríamos protegê-los e proteger nosso planeta”.
Pimm também observou que ofensivas encantadoras com animais fofinhos geralmente são seguidas por esforços de conservação mais amplos e de longo prazo.
“Há uma enorme diferença entre o que a Malásia está propondo e o que a China fez pelos pandas gigantes”, disse ele. “A China tem instalações de última geração para pandas e, mais importante, estabeleceu áreas protegidas que protegem as populações de pandas selvagens. O que o governo da Malásia está propondo é praticamente incomparável”.
Fonte: CNN News/Texto: Heather Chen
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