O anúncio feito pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), de que irá reduzir a produção de petróleo causou preocupação mundial.
O corte de 2 milhões de barris por dia deve impactar principalmente a Europa e os Estados Unidos, que lidam com o impacto negativo contínuo da invasão da Ucrânia.
Mas o mercado brasileiro também se mostrou receoso com o anúncio. Em nota, a Petrobras afirmou que segue monitorando continuamente o mercado e os movimentos nas cotações de mercado do petróleo e dos derivados, que atualmente experimenta alta volatilidade. “A companhia reafirma seu compromisso com a prática de preços em equilíbrio com o mercado, sem repassar a volatilidade conjuntural nem movimentos especulativos como os que estão sendo observados recentemente. Sobre as estimativas que circulam nas notícias, é importante lembrar que não existe uma referência única e percebida da mesma maneira por todos os agentes, sejam eles refinadores ou importadores. Para demonstração, basta observar que duas renomadas agências de informação, Argus e Platts, publicam referências de preços para o Brasil com diferenças significativas entre elas”, ressalta a estatal.
Contudo, essa movimentação pode causar uma recessão e aumento inflacionário, sendo que o principal impacto de uma redução na oferta do barril de petróleo é a elevação no preço da commodity. Alguns analistas afirmam que o preço do petróleo é o combustível da inflação.
Estamos vendo a maior redução desde 2020 e isso é inflacionário porque boa parte do mundo depende da substância. É uma péssima notícia para a Europa que enfrenta dificuldade desde a guerra para a Ucrânia. Também para os Estados Unidos, que sofrem com a inflação.
Mas, no Brasil, vemos alguma normalidade no preço. Vamos provavelmente ver uma alta nos juros e na inflação, principalmente em produtos e serviços atrelados ao dólar. Mas o petróleo tem muita flutuação. Por isso, os analistas geralmente fazem uma média histórica de dez anos. Se não for apenas uma variação momentânea, vamos ter recessão e redução da atividade econômica, mas a questão de preço demora um pouco para chegar até o consumidor.
O Brasil está em uma posição relativamente confortável no meio do caos, tanto porque a inflação não está tão forte quanto antes, como também porque estamos relativamente distantes das disputas geopolíticas. E não temos grandes problemas com energia. Temos uma vantagem competitiva forte em relação ao resto do mundo. Inflação sempre foi muito estudada no Brasil, mas no mundo não.
Wellington Abreu, especialista em petróleo e superintendente de Petróleo e Tecnologia na Prefeitura de São João da Barra (RJ), cidade beneficiada pelos royalties do combustível fóssil e onde está localizado o Porto de Açu, acredita que o conflito entre Rússia e Ucrânia está no centro da decisão.
Para ele, quando o presidente russo decidiu entrar em guerra, sabia que ia sofrer sanções. Por isso, fechou acordos com países vizinhos para fornecer o que tem de mais abundante: energia, petróleo e gás. “E ele ofereceu a um preço muito mais barato do que o mercado da Índia e da China. Os países da Opep+ não queriam que o preço abaixasse e a lucratividade ficasse menor. Eles estão controlando o produto, mas se quisessem podiam aumentar em 50% mais a oferta. Cientes da transição energética global, querem aproveitar esse ciclo e fazer caixa. A Europa e a América do Norte dependem muito mais de combustíveis fósseis do que a América Latina“, enfatizou Abreu.
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