O Japão pediu à China que aborde a liberação de água radioativa da usina nuclear de Fukushima de “maneira científica” em uma reunião realizada na sexta-feira (14), entre o ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, e o principal diplomata chinês, Wang Yi.
Em um movimento que causou alarme entre os países vizinhos e pescadores locais, o Japão deve começar a liberar mais de 1 milhão de toneladas de água da Usina Nuclear Fukushima Dai-ichi destruída neste verão. A China emergiu como o mais vocal desses críticos, dizendo que o plano colocaria em risco o meio ambiente e as vidas humanas.
Em uma reunião com Wang à margem de uma reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) na Indonésia, Hayashi disse que o Japão está disposto a se comunicar com a China sobre a descarga de água de uma perspectiva científica, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Japão.
“(Hayashi) pediu à China que responda de maneira científica”, afirmou em comunicado.
Wang, por sua vez, pediu ao Japão que “enfrente” as preocupações legítimas de todos os lados, comunique-se “sinceramente” com seus vizinhos e seja “prudente” ao lidar com a situação.
“Esta é uma questão tanto de atitude quanto de ciência”, disse Wang, segundo a agência oficial de notícias chinesa Xinhua.
A questão da liberação de água ocupou boa parte da conversa de uma hora entre Wang e Hayashi, mas os dois não chegaram a um acordo claro sobre o assunto, disse um funcionário do Ministério das Relações Exteriores do Japão a repórteres na sexta-feira.
Embora a China tenha levantado preocupações sobre a descarga de água, uma revisão abrangente do plano pelo órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas disse que o impacto seria “insignificante” e que a descarga estaria de acordo com os padrões internacionais.
O governo japonês diz que a água foi filtrada para remover a maioria dos elementos radioativos, exceto o trítio, um isótopo de hidrogênio difícil de separar da água. A água tratada será diluída bem abaixo dos níveis de trítio aprovados internacionalmente antes de ser liberada no Pacífico.
Hayashi defendeu o plano em uma reunião da ASEAN na quinta-feira e afirmou que a China estava fazendo “afirmações não baseadas em evidências científicas”, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Japão.
As relações entre os dois países também ficaram tensas à medida que a China afirma suas ambições marítimas na região, o que Hayashi mencionou durante seu encontro com Wang.
Hayashi “transmitiu fortes preocupações sobre a crescente atividade militar da China conduzida nas proximidades do Japão”, bem como a cooperação militar chinesa com a Rússia, de acordo com o comunicado.
Wang disse esperar que o Japão seja “objetivo e racional” em relação à China, e não a posicione como uma ameaça.
“O Japão identificou a China como o maior desafio estratégico e a tornou uma ameaça, o que é seriamente inconsistente com a realidade das relações China x Japão”, disse ele, acrescentando que Pequim está aberta a manter contatos com o Japão em todos os níveis.
Fonte: Reuters
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