Há mais de 30 anos, o professor Richard Ostfeld, do Cary Institute of Ecosystem Studies, atua em pesquisas de campo e de laboratório sobre a ecologia de doenças transmitidas por carrapatos.
Carrapatos, em todo o mundo, são fontes importantes de agentes causadores de doenças em pessoas, animais de estimação e da pecuária e animais selvagens. Uma vez que um carrapato incorpora suas peças bucais em um hospedeiro, os microrganismos que residem nele podem entrar no hospedeiro, provocando diferentes tipos de doenças, como a febre maculosa e a doença de Lyme.
Resistência contra picadas de carrapatos
Um fato curioso envolve o pesquisador Richard Ostfeld: ele desenvolveu um tipo de imunidade à picada de carrapatos. “Quando sou picado por um carrapato, pareço montar uma resposta imune rápida ao próprio carrapato, provavelmente aos antígenos da saliva do carrapato. Isso resulta na morte do carrapato antes que ele seja capaz de engolir meu sangue. Percebo uma tentativa de picada de carrapato ao sentir uma coceira ou sensação de queimação no local da picada, forte o suficiente para me acordar durante a noite, se ocorrer durante o sono”, conta.
Ostfeld conta que, ao remover o carrapato, geralmente ele está morto e não alimentado. “Também formo um vergão no local da picada que pode durar vários dias, sugerindo que a inflamação persiste. Apesar das inúmeras picadas de carrapatos, nunca fui diagnosticado para a doença de Lyme ou qualquer outra doença transmitida por carrapatos”, relata.
Rick Ostfeld em pesquisa de campo. / Foto: Robin Moore
Imunidade
A possibilidade de resistência de hospedeiros, incluindo pessoas, às picadas de carrapatos é um contexto que requer estudos científicos mais abrangentes.
“Alguns hospedeiros podem montar rapidamente uma resposta imune a proteínas, ou antígenos, na saliva do carrapato, permitindo que eles ataquem e até matem o carrapato. Se isso acontecer antes que os patógenos deixem o carrapato e entrem no hospedeiro, o resultado pode ser proteção contra doenças. Parece que tal resistência requer experiência prévia do sistema imunológico a esses antígenos, de modo que a resistência é adquirida após picadas de carrapatos anteriores, mas não em todos os hospedeiros”, explica Ostfeld.
Vacina
O pesquisador avalia que o estudo da resistência pode ajudar desenvolvimento de potenciais vacinas.
“Se os antígenos certos puderem ser identificados, é pelo menos teoricamente possível projetar vacinas contra picadas de carrapatos. Como os carrapatos podem transmitir tantos patógenos, agentes da doença de Lyme, babesiose, anaplasmose, doença do vírus Powassan e mais, essa vacina poderia potencialmente proteger contra muitas doenças”, explica.
“As vacinas devem ser consideradas seguras e eficazes antes que seu uso seja permitido, mas espero que tais estudos sejam vigorosamente prosseguidos”, conclui.
Fonte: CNN
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