No Grande Karoo, uma vasta extensão semiárida na África do Sul, leões e guepardos já vagaram livres. Mas vieram fazendas, cercas e armas. Na década de 1840, os leões haviam desaparecido; na década de 1870, as chitas também.
Muito do que hoje é a Reserva de Caça Privada de Samara, no Cabo Oriental, tornou-se o lar do gado. Isso foi até 1997, quando a natureza foi novamente autorizada a seguir seu curso por milhares de acres de terra.
Agora, após 25 anos de reflorestamento cuidadosamente gerenciado, tanto os guepardos quanto os leões não apenas retornaram a esta parte da África do Sul – eles estão prosperando.
A reintrodução bem-sucedida desses grandes felinos depende da visão de Mark e Sarah Tompkins. O casal comprou 11 fazendas totalizando 27 mil hectares (67 mil acres) ao longo de cinco anos, com o objetivo de devolver a terra à sua antiga glória. “Não era uma área selvagem”, explica Isabelle Tompkins, filha mais velha e gerente de desenvolvimento de negócios da Samara. “Todos os animais migratórios foram essencialmente excluídos e, é claro, os predadores (que) os acompanhariam”.
Para sonhar grande, a família teve que começar pequena. Isso significava olhar para o que estava sob seus pés. Quando a terra foi comprada, grande parte dela estava sobrepastoreada, com manchas estéreis e ravinas erodidas na terra. As cercas foram removidas junto com o gado, e o esforço de reflorestamento começou literalmente no nível de base.
“Apesar de ser uma região semiárida, há uma quantidade notável de biodiversidade, especialmente plantas endêmicas”, diz Isabelle, acrescentando que cinco dos nove tipos de habitat de plantas da África do Sul existem em Samara.
Guepardos
A Samara Private Nature Reserve financia seus esforços de reflorestamento por meio de suas operações de turismo. Os visitantes podem ficar na reserva em pousadas ou até mesmo dormir sob as estrelas, e participar de safáris de luxo e rastreamento de chitas, com todos os ganhos reinvestidos em seus vários programas.
Mas talvez seu maior plano se estenda além das fronteiras de Samara. A reserva está envolvida em uma iniciativa de longo prazo para criar um corredor de terra ligando o Parque Nacional Karoo’s Camdeboo e o Parque Nacional Mountain Zebra, abrindo rotas migratórias históricas e devolvendo mais terras à natureza.
Os Tompkins dizem que tem potencial para ser indiscutivelmente “a última grande mega reserva na África do Sul”, cobrindo 1,3 milhão de acres (mais de 526.000 hectares). A área é um dos 36 hotspots globais de biodiversidade, mas dependerá de acordos voluntários com proprietários privados para administrar a área de maneira ecologicamente correta, em vez de envolver a compra de terras pelo órgão governamental que supervisiona os parques nacionais.
Pensar grande sempre fez parte do objetivo de Samara, mas há uma urgência adicional fornecida pela Década de Restauração dos Ecossistemas, em curso das Nações Unidas . A iniciativa diz que restaurar apenas 15% das terras convertidas em áreas prioritárias em todo o mundo poderia evitar 60% das extinções de espécies esperadas, juntamente com uma miríade de benefícios relacionados ao clima e à subsistência.
“Estamos ficando sem tempo”, diz Isabelle, citando as metas da ONU. “Para mim, é por isso que é tão urgente. Tem que acontecer. Não podemos nos dar ao luxo de não ser ambiciosos sobre isso.”
No entanto, ela está otimista sobre o futuro. “Acho que se os seres humanos puderem se concentrar em sua esfera de influência e em fazer a diferença em seu próprio quintal (mudanças positivas virão)”, acrescenta ela. “Nosso quintal tem apenas 27 mil hectares.”
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