Acredita-se que cerca de um quarto das mulheres no Reino Unido sejam portadoras de um gene chamado APOE4, conhecido por aumentar o risco de doença de Alzheimer.
Uma nova pesquisa descobriu que a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) – que ajuda a controlar os sintomas da menopausa – foi associada a melhor memória e maiores volumes cerebrais para aquelas com o gene.
Os pesquisadores disseram que ainda é muito cedo para dizer com certeza se a TRH reduzia o risco de demência em mulheres, mas os resultados destacaram sua importância potencial.
O estudo, liderado pela professora Anne-Marie Minihane, da Norwich Medical School da UEA, com o professor Craig Ritchie, da Universidade de Edimburgo, foi publicado na revista Alzheimer’s Research & Therapy (Terapia & Pesquisa de Alzheimer).
O estudo analisou dados de 1.178 mulheres envolvidas na iniciativa europeia de prevenção da demência de Alzheimer, que estuda a saúde cerebral dos participantes ao longo do tempo.
Todas as mulheres que aderiram à iniciativa europeia tinham mais de 50 anos não apresentavam diagnóstico de demência na data da adesão.
O estudo, então, analisou os resultados de testes cognitivos e volumes cerebrais registrados por exames de ressonância magnética.
A médica Rasha Saleh, da Norwich Medical School da UEA, disse que as descobertas sugerem que o uso de TRH foi associado a “melhor memória e maiores volumes cerebrais” entre os portadores do gene APOE4.
A professora Minihane disse que os resultados do estudo foram uma “descoberta muito boa” e que os encorajaria a realizar mais estudos. A próxima etapa será passar para um ensaio clínico, disse ela. “Vamos recrutar pessoas que são E4 e não-E4”, relatou ao programa Today da BBC Radio 4.
“Coloque as mulheres em TRH, acompanhe-as, estude-as detalhadamente e esperamos que isso nos forneça uma resposta definitiva sobre se a TRH é uma terapia realmente eficaz em mulheres que carregam esse gene E4.” E acrescentou: “A outra notícia importante que deduzo é que, quanto mais cedo melhor. O uso de TRH parece ser particularmente benéfico em mulheres que o iniciaram durante a perimenopausa ou no início do período pós-menopausa”.
Necessidade de estudos em maior escala
A médica Sara Imarisio, chefe de iniciativas estratégicas da Alzheimer’s Research UK, disse que o estudo forneceu evidências de que a TRH poderia ter alguns benefícios cognitivos, mas as descobertas precisam ser confirmadas com testes com as mulheres que participaram diretamente.
“O próximo passo é investigar isso com mais detalhes. É importante ressaltar que este estudo não mediu se as mulheres desenvolveram demência. Assim, suas descobertas precisam ser confirmadas, primeiro em ensaios que testam diretamente se a administração de TRH afeta as habilidades cognitivas das mulheres e as mudanças em seus cérebros, particularmente as portadoras do gene APOE4″.
“Isso ajudará a abrir caminho para encontrar possíveis intervenções, por exemplo, ensaios clínicos para ver se poderia eventualmente prevenir a demência e ajudar a entender por que a demência afeta desproporcionalmente as mulheres no Reino Unido, afirma a médica”.
O diretor associado de pesquisa da Alzheimer’s Society, Richard Oakley, também disse que mais estudos são necessários. “Estudos desse tipo são importantes, pois sugerem uma ligação entre a TRH e as alterações no cérebro. Precisamos de mais estudos, em maior escala, para entender melhor essa ligação.”
Alzheimer
A doença de Alzheimer é mais comum em mulheres do que em homens – quase dois terços dos pacientes com Alzheimer no Reino Unido são mulheres.
Embora o gene APOE4 seja conhecido por aumentar o risco do Alzheimer, as pessoas com o gene não desenvolverão necessariamente a doença.
Fonte: BBC
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