Imagens raras dos Mashco Piro, uma tribo indígena isolada na remota Amazônia peruana, foram publicadas, na terça-feira (16), pela Survival International, mostrando dezenas de pessoas nas margens de um rio perto de onde empresas madeireiras têm concessões.
A tribo reclusa tem sido vista saindo da floresta tropical com mais frequência nas últimas semanas em busca de comida, aparentemente se afastando da presença crescente de madeireiros, disse o grupo local de direitos indígenas FENAMAD.
Os Mashco Piro foram fotografados no final de junho nas margens de um rio na região de Madre de Dios, no sudeste do Peru, perto da fronteira com o Brasil, disse a Survival International ao divulgar as fotos.
“Essas imagens incríveis mostram que um grande número de Mashco Piro isolados vive sozinho a poucos quilômetros de onde os madeireiros estão prestes a iniciar suas operações”, disse a diretora da Survival International, Caroline Pearce.
Mais de 50 pessoas Mashco Piro apareceram nos últimos dias perto de uma aldeia do povo Yine chamada Monte Salvado. Outro grupo de 17 apareceu perto da aldeia próxima de Puerto Nuevo, disse a ONG, que defende os direitos indígenas.
Os Mashco Piro, que habitam uma área localizada entre duas reservas naturais em Madre de Dios, raramente aparecem e não se comunicam muito com os Yine ou qualquer pessoa, de acordo com a Survival International.
Várias empresas madeireiras detêm concessões de madeira dentro do território habitado pelos Mashco Piro.
Uma empresa, a Canales Tahuamanu, construiu mais de 200 quilômetros de estradas para seus caminhões de extração de madeira, de acordo com a Survival International.
Um representante da Canales Tahuamanu, em Lima, não respondeu a um pedido de comentário.
A empresa é certificada pelo Forest Stewardship Council, segundo o qual possui 53 mil hectares (130 mil acres) de florestas em Madre de Dios para extrair cedro e mogno.
O governo peruano informou, em 28 de junho, que moradores locais relataram ter visto Mashco Piro no rio Las Piedras, a 150 quilômetros da cidade de Puerto Maldonado, capital de Madre de Dios.
Os Mashco Piro também foram avistados do outro lado da fronteira, no Brasil, disse Rosa Padilha, do Conselho Indigenista Missionário da Conferência Episcopal Brasileira, no estado do Acre.
“Eles fogem dos madeireiros do lado peruano”, ela disse. “Nessa época do ano, eles aparecem nas praias para pegar ovos de tracajá (tartaruga da Amazônia). É quando encontramos suas pegadas na areia. Eles deixam para trás muitos cascos de tartaruga”.
“É um povo sem paz, inquieto, porque está sempre em fuga”, disse Padilha.
Fonte: Agência Reuters/ Marco Aquino e Anthony Boadle
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