O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan admitiu, nesta quarta-feira (8), problemas com a resposta inicial de seu governo ao devastador terremoto no sul do país, em meio à raiva dos que ficaram desamparados e frustrados com a chegada lenta das equipes de resgate. O tremor de magnitude 7,8 foi o mais mortal na Turquia desde 1999.
Erdogan, que disputa uma eleição em maio, em uma visita à zona de desastre, disse que as operações agora estão funcionando normalmente e prometeu que ninguém ficaria desabrigado, quando o número de mortos combinados na Turquia e na vizinha Síria ultrapassou 11 mil.
Em uma faixa do sul da Turquia, as pessoas buscaram abrigo temporário e comida no inverno gelado, e esperaram angustiadas por pilhas de escombros onde familiares e amigos podem estar enterrados. As equipes de resgate ainda estavam desenterrando algumas pessoas vivas. Outros foram encontrados mortos.
Houve cenas e reclamações semelhantes na vizinha Síria, para onde se estendeu o impacto do grande terremoto de segunda-feira (6).
É esperado que o número de mortos, em ambos os países, aumente, já que centenas de prédios desabados em muitas cidades se tornaram túmulos para pessoas que dormiam em suas casas quando o terremoto ocorreu, no início da manhã.
Na cidade turca de Antakya, dezenas de corpos, alguns cobertos com cobertores e lençóis e outros em sacos mortuários, foram enfileirados no chão do lado de fora de um hospital.
Famílias no sul da Turquia e na Síria passaram uma segunda noite no frio congelante. Muitos, na zona do desastre, dormiram em seus carros ou nas ruas sob cobertores, com medo de voltar aos prédios abalados pelo tremor, de magnitude 7,8, e por um segundo forte terremoto horas depois.
“Onde estão as tendas, onde estão os food trucks?” disse Melek, 64, em Antakya, dizendo que não tinha visto nenhuma equipe de resgate. “Sobrevivemos ao terremoto, mas morreremos de fome ou de frio aqui.”
O número de mortos subiu para 8.574 na Turquia na quarta-feira. Na Síria – já devastada por 11 anos de guerra – o número confirmado subiu para mais de 2.500 durante a noite, de acordo com o governo e um serviço de resgate operando no noroeste controlado pelos rebeldes.
As autoridades turcas divulgaram vídeos de sobreviventes resgatados, incluindo uma menina de pijama e um homem mais velho coberto de poeira, com um cigarro apagado preso entre os dedos enquanto era retirado dos escombros.
Em Aleppo, na Síria, a equipe do hospital Al-Razi atendeu um homem com olhos machucados que disse que mais de uma dúzia de parentes, incluindo seu pai e sua mãe, foram mortos quando o prédio em que estavam desabou.
Parados ao redor dos destroços do que havia sido um prédio de 32 apartamentos, parentes de pessoas que moraram lá disseram não ter visto ninguém ser removido com vida. A falta de equipamentos pesados para levantar grandes lajes de concreto estava impedindo os esforços de resgate.
Equipes de resgate têm lutado para chegar a algumas das áreas mais atingidas, retidas por estradas destruídas, mau tempo e falta de equipamentos pesados. Algumas áreas estão sem combustível e eletricidade.
Um serviço de resgate que opera no noroeste da Síria controlado pelos insurgentes disse que o número de mortos subiu para mais de 1.280 e mais de 2.600 ficaram feridos. O ministro da saúde sírio disse que o número de mortos em áreas controladas pelo governo aumentou para 1.250.
Do outro lado da rua de um prédio de apartamentos reduzido a escombros em Aleppo, Youssef, de 25 anos, esperou por dois dias por notícias de seu pai, mãe, irmão, irmã e filho dela.
Erdogan disse que ouviu as vozes dos sobreviventes e que falou com eles, mas equipes de resgate mal equipadas não conseguiram alcançá-los.
“Falei com eles e ouvi a voz deles, mas infelizmente, como podem ver aqui, eles são muito lentos no trabalho e não têm equipamento suficiente”, disse ele.
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