Enquanto a maioria dos atletas olímpicos de 2024 lutarão pela glória em Paris, os melhores surfistas do mundo buscarão o ouro a 16.000 km de distância, no Taiti, onde os tubos azuis giratórios de Teahupo’o podem ser a verdadeira estrela do show.
Uma mistura potente de beleza e brutalidade, Teahupo’o tem sido o palco de muitas das competições mais emocionantes do surfe e de alguns dos momentos seminais do esporte desde que ele foi revelado ao mundo na década de 1990.
Teahupo’o, que pode ser traduzido livremente como “Pilha de Cabeças” ou “Muro de Crânios”, em homenagem a uma lenda local macabra, foi escolhida para sediar a competição olímpica porque as praias da França são, em sua maioria, planas nesta época do ano.
Grandes tempestades de inverno no Pacífico Sul, perto da Nova Zelândia, geram ondas de até 15 m que viajam milhares de quilômetros antes de emergir das profundezas em um recife raso no “Fim da Estrada”, como Teahupo’o também é conhecido.
Uma grande vala escavada pela água doce que corre das montanhas cobertas de selva oferece um local incrivelmente próximo e relativamente seguro para barcos de espectadores.
Embora as maiores ondas cheguem a cerca de 10 m e não sejam tão altas quanto as de Nazaré, em Portugal, ou Peahi, no Havaí, o poder explosivo, os tubos gigantes e o grande volume de água diferenciam Teahupo’o como uma aberração hidrodinâmica da natureza.
Enquanto Ítalo Ferreira e Carissa Moore conquistaram o ouro nas ondas turvas e agitadas por tufões da praia de Shidashita, no Japão, na estreia do surfe nas Olimpíadas de Tóquio, Teahupo’o quebra perfeitamente sobre um recife de corais e é famosa por seus tubos pesados e ocos.
“É uma onda totalmente diferente”, disse Lucca Messinas, que representou o Peru em Tóquio e também se classificou para Paris 2024.
Foto: Reprodução/Cortesia da World Surf League
“Sediar as Olimpíadas em Teahupo’o é o melhor lugar que eles poderiam escolher, só porque é uma onda muito boa naquela época do ano”, disse a moradora local Vahine Fierro, que venceu o Tahiti Pro do circuito profissional mundial de ondas em maio.
“É difícil descrever – você precisa viver para sentir o que estou falando. Mas remar em uma onda o mais forte que puder, sem saber se você vai fazer o drop ou não porque ela é tão oca, entrar nesse grande tubo azul que parece que o tempo está parando, e então sair com a saliva da onda nas costas, nos barcos que estão bem ali – é simplesmente indescritível e a melhor sensação do mundo”.
Desafio
Competir no grande Teahupo’o pode ser tanto sobre lutar contra o medo quanto lutar contra um oponente. Balançar e pisar em uma parede azul gigante e fazer o drop é o primeiro passo. Puxar para dentro do tubo, administrar a velocidade da prancha para evitar o lábio de mergulho e negociar a perigosa bola de espuma é uma linha tênue.
As curvas em Teahupo’o não recebem a mesma ênfase de pontuação que em outros locais. Isso significa que ir fundo e emergir do tubo ungido com uma explosão de ar comprimido e água – o cuspe – garantirá um grande número e uma injeção de adrenalina difícil de igualar.
Competições
As competições de surfe das Olimpíadas acontecerá em Teahupo’o de 27 de julho a 5 de agosto. O cronograma inclui possíveis lay-days para quando as condições forem inadequadas com ventos fracos ou se as ondas forem muito pequenas… ou muito grandes. Um total de 48 surfistas (24 homens e 24 mulheres) de 21 países estarão competindo, com potências tradicionais do surfe, Estados Unidos, Austrália e Brasil, provavelmente entre as medalhas. A nação anfitriã, França, também será uma forte concorrente com dois taitianos locais em sua equipe de quatro.
Fonte: Agência Reuters/Travis Hartman e Lincoln Feast
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