Artilharia e ataques aéreos israelenses atingiram o sul do Líbano neste sábado (22), depois que Israel disse ter interceptado foguetes disparados do outro lado da fronteira, matando pelo menos oito pessoas e colocando em risco uma trégua instável que encerrou uma guerra de um ano entre Israel e o grupo armado libanês Hezbollah.
Esse conflito marcou o transbordamento mais mortal da guerra de Gaza, e uma ofensiva israelense intensa após meses de trocas de tiros na fronteira exterminou os principais comandantes do Hezbollah, muitos de seus combatentes e grande parte de seu arsenal.
O Hezbollah negou responsabilidade pelos ataques de sábado, dizendo que não tinha “nenhuma ligação” com os lançamentos de foguetes e que permanecia comprometido com o cessar-fogo. Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo ataque.
Um oficial israelense disse que a identidade do grupo que disparou os foguetes não foi confirmada. Seis foguetes foram disparados, disse o oficial, três dos quais cruzaram para Israel e foram interceptados.
Duas ondas de ataques israelenses mataram três pessoas em Bint Jbeil e Touline, além de cinco na cidade portuária de Tiro, todas no sul do Líbano, de acordo com a agência de notícias estatal do Líbano, que citou autoridades de saúde.
As trocas de mensagens de sábado foram as primeiras desde que Israel efetivamente abandonou um cessar-fogo separado em Gaza com o grupo militante palestino Hamas, um aliado do Hezbollah, ambos apoiados pelo arqui-inimigo de Israel, o Irã.
Mais tarde naquele dia, o exército israelense anunciou uma segunda rodada de ataques contra o que eles disseram serem alvos do Hezbollah.
“Esperamos que o Líbano cumpra sua parte do acordo”, disse Ophir Falk, conselheiro de política externa do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, à Reuters.
“As IDF farão o que for preciso para impor o cessar-fogo e garantir que nossos civis possam voltar para casa em segurança”, disse Falk.
Os militares israelenses disseram no início do sábado que interceptaram três foguetes lançados de um distrito libanês cerca de seis quilômetros ao norte da fronteira em direção à cidade israelense de Metula, o segundo lançamento transfronteiriço desde que o cessar-fogo mediado pelos EUA em novembro encerrou os conflitos.
Em retaliação, Netanyahu ordenou que os militares “agissem com força contra dezenas de alvos terroristas no Líbano”.
O exército israelense disse ter atingido dezenas de lançadores de foguetes do Hezbollah e um centro de comando de onde os militantes do grupo estavam operando, no sul do Líbano.
A agência de notícias estatal do Líbano relatou ataques aéreos e barragens de artilharia israelenses no sul do país, incluindo cidades fronteiriças e topos de colinas a cerca de oito quilômetros dentro do território libanês.
Não houve relatos de vítimas em Israel.
Em Gaza, autoridades de saúde disseram que cinco palestinos foram mortos por tiros israelenses, incluindo uma criança, em incidentes em Beit Lahiya e na Cidade de Gaza, no norte do enclave.
O exército israelense disse que vários militantes em um veículo foram identificados se aproximando de suas tropas no norte de Gaza, o que “representava uma ameaça a eles”, e o exército os atacou.
Um ataque aéreo israelense na cidade de Rafah, que faz fronteira com a fronteira sul de Gaza com o Egito, matou dois palestinos, disseram médicos de Gaza. O exército israelense disse que atingiu militantes na área.
ONU alarmada com violência na fronteira
Pelo acordo de cessar-fogo de novembro, o Hezbollah não teria armas no sul do Líbano, as tropas terrestres israelenses deveriam se retirar e as tropas do exército libanês deveriam ser enviadas para a área.
O acordo especifica que o governo do Líbano é responsável por desmantelar toda a infraestrutura militar no sul do Líbano e confiscar todas as armas não autorizadas.
O presidente Joseph Aoun ordenou que o exército libanês protegesse “qualquer violação” que pudesse ameaçar a estabilidade no Líbano. O exército disse que havia encontrado e desmantelado três “lançadores de foguetes primitivos” no sul.
Netanyahu disse que Israel estava responsabilizando o governo do Líbano por “tudo o que acontece dentro de seu território” e que Israel não permitiria nenhum dano aos seus cidadãos e à sua soberania.
A força de paz das Nações Unidas no Líbano disse estar alarmada com a situação “volátil” e que qualquer nova escalada poderia ter “consequências sérias para a região”.
O primeiro-ministro Nawaf Salam alertou sobre a renovação das operações militares no sul do Líbano, acrescentando: “Todas as medidas de segurança e militares devem ser tomadas para mostrar que o Líbano decide sobre questões de guerra e paz”.
O cessar-fogo encerrou o intenso bombardeio e as operações terrestres de Israel no Líbano e os bombardeios diários de foguetes do Hezbollah contra Israel. Cada lado acusou o outro de não implementar o acordo integralmente.
Israel diz que o Hezbollah ainda tem infraestrutura militar no sul. O Líbano e o Hezbollah dizem que Israel está ocupando terras libanesas continuando a realizar alguns ataques aéreos e mantendo suas tropas em cinco posições no topo de colinas perto da fronteira.
Fonte: Reuters/Maya Gebeily e Maayan Lubell
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