Autoridades sírias fecharam o aeroporto de Aleppo, bem como todas as estradas que levam à cidade neste sábado (30), disseram três fontes militares, enquanto rebeldes que se opõem ao presidente Bashar al-Assad disseram que chegaram ao coração de Aleppo.
Os combatentes da oposição, liderados pelo grupo militante islâmico Hayat Tahrir al-Sham, realizaram uma varredura surpresa em cidades controladas pelo governo esta semana e chegaram a Aleppo quase uma década depois de terem sido expulsos por Assad e seus aliados.
A Rússia, um dos principais aliados de Assad, prometeu a Damasco ajuda militar extra para frustrar os rebeldes, disseram duas fontes militares, acrescentando que novos equipamentos começariam a chegar nas próximas 72 horas.
O exército sírio foi instruído a seguir ordens de “retirada segura” das principais áreas da cidade onde os rebeldes entraram, disseram três fontes do exército.
Os rebeldes começaram sua incursão na quarta-feira (27) e, na sexta-feira (29) à noite, uma sala de operações que representava a ofensiva disse que eles estavam varrendo vários bairros de Aleppo.
Eles estão retornando à cidade pela primeira vez desde 2016, quando Assad e seus aliados Rússia, Irã e milícias xiitas regionais a retomaram, com os insurgentes concordando em se retirar após meses de bombardeios e cercos.
Mustafa Abdul Jaber, um comandante da brigada rebelde Jaish al-Izza, disse que seu rápido avanço nesta semana foi ajudado pela falta de mão de obra apoiada pelo Irã na província mais ampla de Aleppo. Os aliados do Irã na região sofreram uma série de golpes nas mãos de Israel, à medida que a guerra de Gaza se expandiu pelo Oriente Médio.
Os combatentes da oposição disseram que a campanha foi uma resposta aos ataques intensificados nas últimas semanas contra civis pela força aérea russa e síria em áreas de Idlib controlada pelos rebeldes, e para prevenir quaisquer ataques do exército sírio.
Fontes da oposição em contato com a inteligência turca disseram que a Turquia, que apoia os rebeldes, deu sinal verde para a ofensiva.
Mas o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores turco, Oncu Keceli, disse, na sexta-feira, que a Turquia tentou evitar maior instabilidade na região e alertou que os ataques recentes prejudicaram os acordos de redução da tensão.
O ataque é o maior desde março de 2020, quando Rússia e Turquia chegaram a um acordo para acalmar o conflito.
Civis mortos em combate
Na sexta-feira (29), a televisão estatal síria negou que os rebeldes tivessem chegado à cidade e disse que a Rússia estava fornecendo apoio aéreo ao exército sírio.
O exército sírio disse que estava revidando o ataque e infligiu pesadas perdas aos insurgentes na zona rural de Aleppo e Idlib.
David Carden, coordenador humanitário regional adjunto da ONU para a crise síria, disse: “Estamos profundamente alarmados com a situação que se desenrola no noroeste da Síria”.
“Ataques implacáveis nos últimos três dias custaram a vida de pelo menos 27 civis, incluindo crianças de até 8 anos de idade.”
A agência de notícias estatal síria SANA disse que quatro civis, incluindo dois estudantes, foram mortos na sexta-feira em Aleppo por bombardeios insurgentes de dormitórios de estudantes universitários. Não ficou claro se eles estavam entre os 27 mortos relatados pelo funcionário da ONU.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse, na sexta-feira, que Moscou considerou o ataque rebelde uma violação da soberania da Síria.
“Somos a favor de que as autoridades sírias coloquem ordem na área e restaurem a ordem constitucional o mais rápido possível”, disse ele.
Fonte: Agência Reuters/Suleiman Al-Khalidi
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