Na década de 70 e ate 80, as pessoas invadiam a Gruta do Lago Azul (MS), uma das cavernas mais lindas do Brasil, para atirar nas nas estalactites milenares.
Dá para acreditar? Estalactite é uma formação rochosa milenar que se parece a uma ponta, devido à deposição de minerais na água que goteja por milhares de anos.
Hoje, muita coisa mudou, e a consciência ambiental para proteção desses pontos turísticos aumentou.
Dois pontos ajudaram muito. O primeiro foi a ECO 92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, evento histórico no Rio de Janeiro, que estabeleceu compromissos globais, entre eles, a proteção ambiental.
E o segundo foi o desenvolvimento do turismo, especialmente de grupos que focam em sustentabilidade como a organização norte-americana Adventure Travel Trade Association (ATTA).
E foi justamente onde estão essas cavernas, no Mato Grosso do Sul, que o grupo global se reuniu neste 2025. A executiva Gabriella Stowell, vice-presidente regional de desenvolvimento da ATTA, começou a carreira como guia turístico no Estado e agora trouxe profissionais do mundo todo para conhecer as iniciativas verdes brasileiras.
Gruta do Lago Azul
Gruta do Lago Azul adotou critérios rígidos para visitação a fim de preservar o local. Foto: Andrea Miramontes @ladobviagem
Cartão-postal de Bonito, a gruta hoje é intocável, protegida, e as visitas, controladas. Foi tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
A história da gruta, vítima de atiradores nos anos 80, vem da Era do Gelo, há quase 12 mil anos. Durante anos de estudo foram descobertos um conjunto de minerais raros e fósseis de mamíferos que viveram durante a Era Glacial.
É possível visitar somente para contemplação, e em número limitado de turistas por vez.
Uma pequena trilha de 10 minutos leva até a caverna, que tem uma série de 300 degraus até chegar próximo ao lago icônico, que se transforma em tons de azul profundo com a incidência de luz dentro da caverna.
A subida cansa um pouco, e eu não aconselharia para quem tem problemas de locomoção.
Dentro, a visita dura pouco, portanto, aproveite para fazer fotos. Não é possível nadar na caverna, somente contemplar.
Abismo Anhumas
Desça os 72 metros para entrar no Abismo Anhumas, em Bonito (MS). Foto: Reprodução
Antigamente, nas visitas ao Abismo Anhumas, a descida de 72 metros era realizada por meio de rapel tradicional, através de uma passagem estreita. A subida também era feita sem auxílio mecânico.
A caverna se caracteriza por ser estreita, composta por rochas milenares, e possui um lago límpido e gelado. O Abismo Anhumas é considerado um passeio único no Brasil.
O funcionamento do abismo iniciou-se em 1999. Em 2006, as descidas pelos paredões da caverna exigiam rapel manual e a subida era realizada “na marra”, utilizando apenas corda, braços e pernas.
Mas agora, o rapel é elétrico e não há esforço na subida e descida. Podem ir tranquilamente.
Dentro da caverna, o lago gelado de 80 metros de profundidade permite a exploração de barco e snorkel, com roupa especial de Neoprene. O equipamento está incluso no passeio para quem decidiu mergulhar.
Não há muitos peixes no local, mas é impressionante boiar sobre estruturas de cones calcários formados há milhões de anos. É lá, submerso, inclusive, que está o maior cone calcário do mundo, de 80 metros.
O número de pessoas por dia é controlado, as águas são constantemente monitoradas, e a fauna local, também.
Guias locais foram treinados para explorar turisticamente sem deixar com que o visitante degrade. Não se pode caminhar por partes da caverna e sequer tocar as rochas.
A caverna abriga um ecossistema específico com plantas, animais e microrganismos adaptados a condições de vida únicas, o que exige muito controle.
Fonte: Catraca Livre Viagem
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