Os ganhos da extrema direita na votação para o Parlamento Europeu no domingo levaram o fragilizado presidente francês Emmanuel Macron a convocar eleições nacionais antecipadas e aumentaram a incerteza sobre a futura direção política da Europa.
Embora o centro, os partidos liberais e socialistas devessem manter a maioria no parlamento de 720 lugares, a votação foi um golpe interno para os líderes da França e da Alemanha, levantando questões sobre como as principais potências da União Europeia podem conduzir a política no bloco.
Fazendo uma aposta arriscada para tentar restabelecer a sua autoridade, Macron convocou eleições parlamentares , com a primeira volta a 30 de junho.
Tal como Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, também suportou uma noite dolorosa em que os seus social-democratas obtiveram o pior resultado de sempre, sofrendo nas mãos dos principais conservadores e da Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita.
Entretanto, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, viu a sua posição fortalecida pelo fato de o seu grupo arquiconservador Irmãos de Itália ter obtido o maior número de votos.
Projeções pós-votação
O Partido Popular Europeu (PPE), sigla de centro-direita, conquistou mais cinco assentos no parlamento para contar com 181 eurodeputados. Em um discurso após a divulgação da projeção, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen disse que o PPE é a âncora da estabilidade e nenhuma maioria no parlamento poderá ser formada sem a sigla.
A chefe da Comissão Europeia busca um segundo mandato de mais cinco anos à frente do poderoso braço executivo da União Europeia e, mesmo com a liderança de seu partido, Von Der Leyen ainda pode precisar de apoio da direita, como o partido de Giorgia Meloni, premiê italiana.
Alemanha
O partido Alternativa para Alemanha (AfD), de extrema direita, ficou em segundo lugar, atrás dos conservadores da oposição com 16,5% dos votos, um aumento de 5% em relação ao resultado de 2019, de acordo com uma pesquisa de boca-de-urna publicada pela emissora pública ARD.
O Partido Democrata Cristão (CDU), de centro-direita, está projetado para ganhar 29,5% dos votos, tornando-se o partido mais forte.
A pesquisa indica, ainda, um fraco desempenho do Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler alemão Olaf Scholz, que terminou em terceiro lugar com 14%.
Áustria
Na Áustria, o Partido da Liberdade, de extrema direita, é o provável vencedor da votação, de acordo com uma pesquisa baseada em levantamentos realizados na semana passada e publicada quando a votação foi encerrada na noite de domingo. Se confirmada, essa será a primeira vitória da sigla em uma eleição europeia.
A Áustria é um país relativamente pequeno com apenas 20 assentos no Parlamento Europeu. O resultado é, em certa medida, um ensaio para as eleições parlamentares do país no final deste ano.
Bélgica
O Nova Aliança Flamenga (N-VA) deve continuar como o maior partido da Bélgica, resistindo a um aumento maior do partido de extrema-direita Vlaams Belang (VB), que teve o maior ganho.
Os liberais flamengos do Primeiro-Ministro Alexander De Croo caíram, enquanto o partido liberal de língua francesa Mouvement Reformateur foi o maior em Bruxelas e na Valônia, colocando o país no caminho para meses de negociações desafiadoras da coalizão.
Bulgária
As projeções na Bulgária indicam que o partido de centro-direita GERB deve vencer a eleição do domingo, mas terá que encontrar parceiros de coalizão para formar um governo. O reformista Nós Continuamos a Mudança foi projetado para o segundo lugar e o ultranacionalista Revival, deve ficar em terceiro.
Eslováquia
O Eslováquia Progressista, um partido de oposição liberal e pró-ocidente na Eslováquia, derrotou o SMER-SD, o maior partido do governo nacionalista de esquerda liderado pelo primeiro-ministro Robert Fico, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato no mês passado.
França
Na França, o partido de extrema-direita União Nacional (RN) chegou ao topo com 31,5% dos votos, mais do que o dobro da participação do partido Renascimento do presidente francês Emmanuel Macron, que ficou em segundo lugar com 15,2%, à frente dos socialistas em terceiro com 14,3%.
Os resultados levaram o presidente francês, Emmanuel Macron, a dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições legislativas antecipadas.
Hungria
O partido Fidesz, do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, em coalizão com o Partido Popular Democrata-Cristão (KDNP) do país, chegou ao topo com 43,7% dos votos, de acordo com uma pesquisa de saída.
No entanto, esta é uma queda de cerca de 10% no apoio desde 2019. Em segundo lugar, o partido Tisza, liderado pelo recém-chegado político Peter Magyar, ganhou 30,7%.
Itália
O grupo ultraconservador Irmãos da Itália, liderado pela Primeira-Ministra Giorgia Meloni, obteve a maioria dos votos na eleição parlamentar europeia, mostraram os resultados iniciais, fortalecendo sua posição tanto em casa quanto no exterior.
O Partido Democrata de centro-esquerda da oposição ficou em segundo lugar com 23,7%, enquanto outro grupo de oposição, o Movimento 5 Estrelas, ficou em terceiro lugar com 10,5% — seu pior desempenho em nível nacional desde sua criação em 2009.
Polônia
Na Polônia, o maior integrante do leste da União Europeia, a Coligação Cívica (KO) centrista do Primeiro-Ministro Donald Tusk, foi projetada como vencedora da votação europeia, segundo uma pesquisa de boca de urna, dando um passo para se estabelecer como a força dominante no país após uma campanha tomada por preocupações de segurança.
Romênia
Na Romênia, a coalizão governante dos social-democratas esquerdistas (PSD) e dos liberais de centro-direita (PNL) obteve 54% dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu em que concorreram em listas conjuntas, segundo uma pesquisa de boca de urna.
O AUR, um grupo de extrema direita fundado há cinco anos e que se opõe à imigração e à ajuda militar para a Ucrânia, ficou em segundo lugar nas pesquisas europeias, com 14% dos votos.
República Checa
Na República Checa, a ANO, oposição populista, bateu o grupo de centro-direita Spolu, que lidera o governo.
Dificuldades na aprovação de leis
Uma mudança para a direita dentro do Parlamento Europeu poderá tornar mais difícil a aprovação de nova legislação que possa ser necessária para responder aos desafios de segurança, ao impacto das alterações climáticas ou à concorrência industrial da China e dos Estados Unidos.
No entanto, a influência exata que os partidos nacionalistas euro-cépticos exercerão dependerá da sua capacidade de ultrapassar as suas diferenças e trabalhar em conjunto. Eles estão atualmente divididos entre duas forças diferentes, e alguns partidos e legisladores, por enquanto, estão fora desses agrupamentos.
Fontes: Agências internacionais
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