Militantes que mataram 26 pessoas na região da Caxemira, na Índia, separaram os homens das mulheres e crianças e perguntaram seus nomes antes de atirar neles à queima-roupa, disseram autoridades de segurança e sobreviventes nesta quarta-feira (23).
Cerca de 1.000 turistas e 300 prestadores de serviços locais estavam no Vale Baisaran – conhecido como a mini Suíça por seus prados exuberantes no topo das colinas, cercados por densas florestas de pinheiros – quando três homens armados lançaram o ataque de terça-feira, o pior na Índia em quase duas décadas.
Os agressores fortemente armados vagaram pelos campos e dispararam 60 tiros, mas não atiraram em mulheres e crianças, disse um oficial de segurança, que não quis ser identificado por não estar autorizado a falar com a imprensa. Seu relato foi baseado em conversas com sobreviventes.
Asavari Jagdale, do estado de Maharashtra, no oeste da Índia, perdeu o pai e o tio no ataque. Ela contou à imprensa local que ela e a família se esconderam dentro de uma barraca próxima, junto com outros turistas, quando o tiroteio começou.
Quando os militantes chegaram à tenda, Asavari disse que eles pediram ao seu pai, Santosh Jagdale, para sair e recitar um versículo islâmico.
“Como ele não o fez, dispararam três tiros contra ele, um na cabeça, um atrás da orelha e outro nas costas”, disse ela. “Meu tio estava ao meu lado. Os terroristas dispararam de quatro a cinco tiros contra ele”.
Salvo ao cantar versos islâmicos
Debasish Bhattacharyya, um hindu que leciona na Universidade de Assam e cresceu em um bairro muçulmano no estado, disse estar familiarizado com versos islâmicos. Os militantes ordenaram que ele e os que estavam por perto se ajoelhassem e, quando os outros começaram a entoar os versos, ele os seguiu.
“Eu sabia as palavras e, naquele momento, provavelmente era a única maneira de salvar nossas vidas. Aqueles que falharam, foram mortos”, disse ele à Reuters, acrescentando que fugiram quando os atiradores partiram e caminharam por uma floresta por duas horas para sobreviver.
Os agressores estavam vestidos com camisas longas tradicionais e calças largas, e um deles usava uma câmera corporal, disse uma fonte de segurança, acrescentando que os militantes abriram fogo em três pontos no Vale Baisaran, um destino turístico popular.
Alguns turistas foram baleados nos restaurantes localizados no prado, enquanto outros foram levados para as florestas e baleados lá, disse a fonte de segurança.
Os visitantes precisam fazer caminhadas ou alugar pôneis para chegar a Baisaran, situada a cerca de 4 km da área de Pahalgam, no território federal do Himalaia.
Oferece instalações para esportes de aventura, como tirolesa e zorbing, e também serve como acampamento para praticantes de trekking que tentam chegar ao Lago Tulian, um lago alpino situado a cerca de 11 km de Baisaran.
Prashant Satpathy, sua esposa e seu filho de nove anos viajaram do estado oriental de Odisha e estavam no último dia de sua viagem de quatro dias.
Eles tinham acabado de fazer um passeio de tirolesa quando uma bala atingiu Satpathy na cabeça, contou sua esposa, Priyadarshini, à mídia local. “Ele desmaiou diante dos meus olhos”, disse ela.
Adil Hussain Shah, um operador de passeio de pônei de Pahalgam, também estava entre os 26 mortos no ataque.
“Ouvimos dizer que ele não morreu assim, ele estava demonstrando bravura… essa era uma pessoa que tentou impedir o ataque e talvez também tenha tentado pegar a arma, é por isso que ele foi o alvo”, disse o ministro-chefe de Jammu e Caxemira, Omar Abdullah, aos repórteres após visitar a família de Shah na quarta-feira (23).
Fonte: Agência Reuters/Fayaz Bukhari
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